“É preciso mostrar que para ser livre não é preciso ser igual”!!!
SINOPSE – GRES FEITIÇO DO RIO 2019
(Por: Daniel Guimarães e Antonio Gonçalves)
Ecoa o batuque… ritmado, sofrido, pungente… Ecoa no ritmo do cair de uma gota de suor (ou será de uma lágrima?)… da dor da escravidão. Pulsação sentida numa viagem que parece sem fim. Para muitos, o fim!
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“Caça” na tribo e o homem vira mercadoria, vendida num mercado da cor, com as marcas da dor! Nem as realezas se salvaram das garras da ambição. Tribos, países, nações trazidas em tumbeiros… “batucavam” o sofrimento, a crueldade, a humilhação…
Dezenas… centenas… milhares… homens… mulheres… crianças à venda nas proximidades da Pedra da Prainha, do cais, do destino de uma viagem sem volta à sua tribo, ao seu povo, à sua cultura… Mas a “vida” precisava seguir… tinha que seguir!
Chega a família real, chegam mais “mercadorias”, a procura, agora, é maior! Mais “senhores”… mais “sinhás”… mais escravos!
O comércio aumenta (mais escravos), as fazendas aumentam (mais escravos), a atividade no porto aumenta (mais escravos)… novos trapiches, novos estaleiros (mais escravos)… precisava de mais sal (portanto, mais escravos).
De repente, uma luz! O comércio negreiro passa a ser considerado ilegal… mas pouco adiantaria, pois o sofrimento de quem já havia sido vendido continuou nas casas, fazendas e sobre a grande pedra de garimpo de sal.
Enfim, a abolição! Negros baianos vêm para o Rio em busca de uma vida melhor. Mas não vêm sós! Vêm batucando para seus Deuses… vêm trazendo e protegendo a sua cultura.
No terreiro de Alabá, Tia Ciata fazia suas oferendas junto a Bibiana, Perciliana e outras mais… A Pedra afirmava seu lado sagrado.
Na casa de Ciata, surgiria o samba… E pela Pedra passariam João da Baiana, Donga, Pixinguinha, Sinhô… Heitor Jovino… nasceriam os ranchos e cordões… cabarés… a malandragem, a boemia…A Pedra também guarda um lado profano!
Lados esses que fazem desse monte de granito insculpido um reduto de bambas… onde, aos seus pés, a cerveja gelada se mistura ao som do pandeiro, do repique, do tantã… à alegria e à fé…
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Seus degraus levam e fazem história… Chão repleto de cheiros, encantos, cantos e sons… Sons marcados no sagrado e que demarcam o profano. Lugar com marcas de gente guerreira. Outrora nos grilhões e hoje, ainda, querendo ser “livre”… para se manifestar, sorrir, viver, morar, amar…
Numa época em que é preciso mostrar que pra ser livre não é preciso ser igual, ecoa o batuque do nosso FEITIÇO pelos degraus da Pedra do Sal!
Presidente Executivo: Antonio Gonçalves
Presidente do Conselho Deliberativo: Alexandre Federici
Enredista: Daniel Guimarães
– Jornalista Jorge Santos –