O dia chuvoso e cinzento dessa manhã de terça-feira, dia 4 de setembro, expressou significativamente a dor e a saudade que nos acometeu após a triste notícia do falecimento do nosso grande amigo e singular companheiro, Marco Romão. Formado em sociologia e com ampla atuação da área do jornalismo, sua segunda formação. Romão sempre foi ativo e implacável na luta antirracismo e um árduo defensor dos direitos humanos e das minorias representativas. Lutas essas que reverberaram nas marchas contra o racismo e a falsa abolição, na década de 1980, e ajudou a fortalecer as ações negras através do Instituto Pesquisa das Culturas Negras (IPCN) e da Imprensa Livre.
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Mesmo residindo fora do Brasil, nosso companheiro, Romão, nunca deixou de debruçar seus olhos apurados e afiados sobre a situação de vulnerabilidade e marginalização social das comunidades negras ocasionadas pela política do racismo estrutural. De volta ao Brasil, especificamente para sua cidade natal, Niterói, o “mano” Romão usou sua a voz para fazer ecoar, através da rádio Mamaterra, todas as formas de arbitrariedades contra as comunidades negras.
Nunca, em nossas lutas podemos esquecer da sua fala potente e potencializadora, que foi capaz de estremecer e evidenciar o quão urgente é o fortalecimento e unificação das nossas lutas negras cotidianas contra todos os processos de discriminação. Me recordo que certa vez, li em uma das suas publicações a seguinte frase “Milhares de jovens negros mortos à bala todos os anos, militarização dos bairros pobres que viraram guetos e discursos no parlamento, que repetem a velha cantilena que a culpa da crise são as migalhas dadas aos negros e aos índios”. Uma análise “simples”, mas muito contundente, que nesse momento de luto recordo e me faz ter a mais absoluta certeza de que Òrun recebeu uma das pessoas mais singulares do Aiyê. Romão não nos deixou! Apenas foi para casa se transformar em forças potencializadoras para o rejuvenescimento das nossas lutas.
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Confesso, que agora, bem agorinha. Vi o dia cinzento abrir com a força do sol e irradiar dos as nossa esperanças…na certeza que seu legado jamais esquecido.
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– Rozangela Silva –
Diretora
