Passado um mês da morte de Kathlen Romeu, com 24 anos, grávida de 3 meses, baleada no decorrer de uma suposta troca de tiros na comunidade do Lins de Vasconcelos, na zona norte do Rio, em 8 de junho. Na quarta, dia 14, será feita, inclusive, a reconstituição do caso no bairro, mas até agora muito pouco avançou para descobrir de onde partiu o tiro que vitimou a jovem.
“É angustiante ter que clamar por justiça à memória da Kathlen. Ela era luz, alegria, festa, vida e abundância. Meu único desejo que eu posso colocar em prática é clamar por justiça à memória dela. Ninguém vai reparar o que eu sinto. Nem o tempo, nem as pessoas, nem a Justiça, nem o Estado”, afirmou a mãe da jovem.
Amigos fizeram um ato político e cultural, após um mês da morte da Kath, como era chamada pela família. Abriram a atividade ontem (sábado), com a leitura de um manifesto – Em defesa da memória da Kathlen Romeu – “Desenvolvemos um plano de ação que se inicia com um memorial no Complexo do Lins, onde haverá um mutirão de grafite para transformarmos os muros cravejados de bala em arte. Temos como objetivo final preservar a memória da Kate e evidenciar o que ela representa pra nós”, assinado por Comunidade Black e amigos da Kate.
Após a leitura e toque de berimbau, foi formada uma mesa liderada pelo Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos. As falas, carregadas de emoção, contaram com a presença de Marilucia Pinheiro – Fê Bahá’í RJ, do Pastor Kleber Lucas, Adull Karim Taha – muçulmano e a mascote Maria Heloísa (filha de Karim). Presentes ainda o Padre Gegê e Elias Pereira – Pastor da comunidade da Gambá (do complexo do Lins).
“É de suma importância prestar solidariedade para a família e tantos outros que sofrem com o descaso dos governantes. É o mínimo que podemos fazer, levar uma palavra de conforto. Que esse ato e outras atividades não fiquem em vão, é triste e angustiante ver essa família destroçada”, declarou o Babalawô Ivanir dos Santos.
“Este ato está carregado de afeto e solidariedade para a família da Kathlen. É perceptível que este momento é muito forte para eles e, por isso, precisamos mostrar nossa solidariedade. Este ato também é para denunciar o genocídio negro. Casos com o da Kathlen não podem ser desconsiderados, apesar da sociedade estar calada’, alegou o Pastor Kléber Lucas.
A Tia de Kathlen, Samantha de Oliveira Lopes, bastante emocionada segue pedindo que os culpados pela morte da sobrinha sejam punidos. Sayonara Fátima, avó que estava ao lado na hora da fatalidade declarou – “Quero agradecer a todos por esse movimento, está sendo super digno para a memória dela, ajudando muito a família e dando muita força”. Pai, mãe, tias, avó materna e paterna, sobrinhos, sogros, companheiro de Kath e amigos, estiveram na homenagem.
“Estamos aqui para mostrar que a nossa luta não acabou. Vamos homenagear a Kath e reivindicar, mais uma vez, justiça e que os culpados sejam punidos. E esse é só o começo. A gente pretende fazer mais manifestos para honrar o nome da Kath e tentar, de alguma forma, melhorar a vida dos jovens que moram nas favelas do Rio de Janeiro” — declarou Marcello Ramos, namorado de Kath.
O ato seguiu com apresentação do MC Gallo que cantou “Rap da Felicidade”, notório funk carioca da dupla Cidinho & Doca. Mesmo lançada em 1994, ainda é bastante representativa em tempos atuais – “Eu só quero é ser feliz. Andar tranquilamente na favela onde eu nasci. E poder me orgulhar. E ter a consciência que o pobre tem seu lugar….”. O MC Gil do Andaraí, também marcou presença no coro. O ato seguiu com distribuição de pipas para crianças, assim como “grafitaço” nos muros da comunidade, vários muros já foram pintados na área, mas pretendem continuar com mobilizações. Amigos e famílias estavam com camisas e máscaras com frases pedindo por justiça.
-Rozangela Silva-
Assessoria de Imprensa
Religiosos – Foto de Capa: Rozangela Silva
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