A exposição coletiva “O Poema Intenso Cujo Começo é Aqui”, apresenta trabalhos que articulam o tema arte-educação nos processos cotidianos da escolarização na infância, passando pela temática da memória, afeto, jogo e gesto, que são questões essenciais relacionadas ao ensino e aprendizado das artes nas escolas, mas que também estão relacionados com a arte contemporânea. A exposição fica na Pequena Galeria do Centro Cultural Light de 18 de setembro a 16 de outubro. Com visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h (exceto feriados).
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Esta proposta conta um projeto de educativo próprio, comandado por uma das artistas em parceria com o Projeto de Extensão da Escola de Artes pública (EBA/UFRJ), que já atua como mediadora na Pequena Galeria do Centro Cultural Light. A ideia da mediação é criar uma instalação onde o público de todas as idades possa fazer atividades de criação. Os trabalhos elaborados a partir destas atividades serão expostos em uma das paredes da Pequena Galeria, convidando o público-artista a integrar e modificar o espaço expositivo.
Os artistas
Beatriz Reis
O livro “Crime e Castigo”, de Fiódor Dostoiévski, é transcrito, página a página, em uma única folha de papel. Uma vez escrito, o texto é apagado e então uma nova página é desenhada. O gesto é repetido até que todas as páginas do livro tenham sido transcritas e apagadas. Apagar, no entanto, não restaura o papel ao seu estado original e o resultado das inúmeras camadas de desenho apagado é uma folha repleta de marcas – registro dos traços e do tempo, indício de que nenhum gesto é inteiramente impune. O trabalho auto imposto repete, simbolicamente, o castigo de Raskolnikov, protagonista da trama, que, depois de cometer um crime, passa a torturar-se com pensamentos punitivos. Assim como no trabalho, o crime de Raskolnikov deixa marcas (nele mesmo, nas relações que ele constrói, no mundo exterior) que não podem ser apagadas. Para além do caráter metafórico, “Crime e Castigo” também trata da prática do desenho como procedimento da arte contemporânea.
Cecilia Cavalieri
Trata-se de um brinquedo feito de madeira, com 7 bonecos desmontados [7 cabeças separadas de 7 corpos] e o processo do jogo é montar cada cabeça com cada corpo correspondente. Ao final o jogador perceberá que a última cabeça não cabe no último corpo, eles não encaixam: então você encontrou o filósofo!
Nathan Braga
A proposta nasce da vontade de explorar uma memória afetiva da infância, presente no imaginário coletivo de adultos que foram crianças nas décadas de 80 e 90, estudantes de escolas públicas ou pequenas escolas particulares, nos quais o mimeógrafo era usado como copiador (duplicador) de folhas de exercícios e provas, visto que as máquinas de xerox e impressoras multitarefas não eram populares e acessíveis como nos dias de hoje. O mimeógrafo a álcool e manivela evoca o uso de diferentes sentidos em sua reprodução, como o olfato, através do cheiro característico de álcool, o tato, pelo uso do corpo que produz o giro da manivela e a visão, com o encantamento da reprodução de uma imagem ou texto que surge como mágica, no imaginário infantil. Dentro da ação “PARA CASA”, o artista propõe a reprodução semanal de uma frase que evoque uma ação gerada a partir da presença e da importância da escola na vida das crianças. Tendo como inspiração o livro “Ensinando a transgredir” de Bell Hooks, “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire e o pensador Claudio Naranjo, o artista produzirá uma frase por semana, com um quantitativo de cópias suficiente para que os visitantes da exposição levem para casa, principalmente os grupos escolares, fazendo uso da reprodução técnica como meio de multiplicação de uma possível instrumentalização para autonomia.
Bruno Portella
Soldados de plástico e jet rosa. Dimensões variáveis. A obra refaz, usando de ironia, os “jogos de guerra” das brincadeiras dos meninos, criando modos diferentes de pensar os gêneros e os estereótipos de cor na infância.
Julie Brasil
As carteiras altas dizem da importância da educação como base para o desenvolvimento e melhoria da sociedade e da inacessibilidade ao sistema de ensino de qualidade, capaz de promover oportunidades semelhantes e pensamento crítico a quem a acessa.
A temática da exposição
Tanto a alfabetização quanto a arte têm em comum a missão muitas vezes contraditória de facilitar, por um lado, a afirmação e a expressão cultural individual e coletiva, mas, por outro, de serem ferramentas necessárias para consolidar e expandir as formas de consumo e produção, servindo aos interesses da colonização. Neste caso específico, a arte é vista como uma língua universal, capaz de ultrapassar as fronteiras tanto quanto a arte contemporânea é tida como acessível apenas para “iniciados”, a quem é dado entender os códigos e processos artísticos históricos de cada obra.
Esta exposição interessa apresentar trabalhos que tangenciem e articulem o tema da educação e da arte na/da escola, escolhendo artistas e educadores que pensem suas produções a partir do agenciamento de sensações e que apresentem trabalhos gerados a partir de uma coleção de objetos e práticas pedagógicas, mas também uma questão mais sensível que faz criar percepções através de uma experiência primeira que aprende com o desdobramento de sua relação com o novo.
Esse é um pequeno gesto que possibilita ver o mundo de uma outra forma daquela que nos é mostrada por todos os outros discursos que contam o mundo, lançando ao futuro, como diria o poeta Kaváfis, um gesto que “amanhã, depois d’amanhã, ou talvez após anos, escreverá o poema intenso, cujo começo é aqui”.
Serviço:
Exposição: “O Poema Intenso Cujo Começo é Aqui”
Local: Pequena Galeria – Centro Cultural Light
Endereço: Av. Marechal Floriano, 168, Centro – Rio de Janeiro
Visitação: De 18 de setembro a 16 de outubro de 2019
Visitação: De segunda a sexta, das 9h às 19h (exceto feriados)
Curadoria: Matheus Simões
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-Duetto Assessoria-