Dylan Ricardo, brasileiro da cidade de Recife, mas, cidadão do mundo. Viveu na Palestina e em Montreal, Canadá, país do qual obteve cidadania. Em viagens aos EUA, Portugal, Inglaterra, Cuba e Cabo Verde, bem como pelo interior de sua terra, Brasil, buscou inspiração para futuras obras, as quais hoje escreve dedicadamente pelas madrugadas.
Insone contumaz, da noite colhe dolorosas memórias, que são utilizadas como inspiração para seus escritos. Escritor e poeta, é autor das obras Mil Poemas e um Suicídio (este com um romance e cem sonetos), Contos noturnos (com dez contos de horror. Ainda nas mãos da Editora), Nas Brumas do Desalento, No Zênite da Insanidade, Asas de Pedra, Do Inferno e Estado Terminal, todos com poemas de inspiração gótica e ultrarromântica nos quais descreve liricamente trajetórias existenciais abarrotadas de dúvidas, inquietudes e decepções. Trazendo reflexões ao leitor sobre a sua própria existência, seus desejos e atos praticados.
AL – De onde vem a inspiração para escrever tantos livros maravilhosos?
DR – Agradeço sensibilizado pelo elogio, mas realmente não tenho certeza se meus livros são maravilhosos. Pelo menos, não todos. Creio que é questão de opinião, de como se interpreta o conteúdo à luz da própria experiência.
Decerto que alguns poderão deslumbrar-se com determinados poemas mais sentimentais, é compreensível, mas o conjunto da obra quiçá possa assustá-los.
A inspiração surge do que vivenciei e vivencio, das dores que senti e sinto, de todas as traições que sofri, das minhas frustrações, perturbações psicológicas, angústias, perdas, enfim, do que sou feito. O fluxo criativo desabrocha dessa insanidade que a cada dia mostra-se mais presente, tal um monstro esfomeado que me rouba a paz.
Porém, devo enfatizar que não é suficiente apenas expor as ideias, elas precisam ser inteligíveis, no meu caso, sigo uma métrica de escrita que respeita a forma clássica. Pois sou profundamente influenciado pela segunda geração do romantismo no Brasil, ou, ultrarromantismo.
Foi nesse estilo que encontrei a forma ideal para expor meus pensamentos mais lastimosos.
AL – Suas viagens para o EUA, Palestina, Canadá, Portugal, Inglaterra, Cuba e Cabo Verde, ajudaram a desenvolver a criatividade para escrever?
DR – O que realmente ajuda é a observação. Não apenas do que está fora, mas do que se conserva dentro de si.
Novas paisagens instigam o cérebro, alimentam a percepção, e delas por muitas vezes colho o fôlego para minha criatividade. Novas experiências auxiliam a nutrir o intelecto, seja com imagens ou sensações. Acho o ato de viajar importante, pois é no percurso que além de conhecermos novos cenários, ainda podemos estar em nossa própria companhia.
AL- Na hora de escrever um livro, você combina mais com o dia ou mais com a noite? Porque?
DR – Eu sou essencialmente noturno. Todos os seis livros até agora por mim publicados foram escritos à noite, como também o próximo que está com a Cultura em Letras Edições, chamado “Contos Noturnos”, contendo dez contos de horror. Já escrevi muito durante o dia, pois costumo aproveitar a inspiração que aparece, mas prefiro fazer isso à noite. A noite traz o silêncio e a reflexão, fazendo eclodir imagens adormecidas de eventos pretéritos. É na noite que as culpas borbulham e os arrependimentos fervilham. Costumo a dizer que meu travesseiro é recheado pelas penas do corvo mais melancólico, e que nas asas dessa ave voa minha imaginação. A madrugada rega a introspecção, e dela brota o alento necessário para nutrir a tudo o que escrevo.
Atualmente estou trabalhando em uma obra, cujo nome ainda não posso revelar. Nela há um romance extenso seguido por contos de horror, além de ter mais três livros de poemas terminados e mais alguns esperando ajustes.
A inspiração para mim é como a morte com horário marcado. Ela bate à minha porta das 22h às 3h da manhã, segura a minha mão e me obriga a escrever.
AL – Com o que você se identifica mais, poesia ou horror? Porque essa identificação?
DR – Identifico-me com os dois por questão de caráter. Nos contos ou romances procuro guarnecer os personagens com conteúdos densos, buscando nutrir-lhes a personalidade com questionamentos e transtornos não apenas inerentes à obra, mas a própria condição humana. Assim, enriqueço-os mais. Em todos há um pouco de mim, sem dúvida, afinal, são meus filhos. São rebentos gerados do meu inferno pessoal. Os estranhos temas surgem inevitavelmente de minha natureza introspectiva.
Quanto aos poemas, muitos se esmeram por descrever fatos vividos e meu peculiar entendimento das sensações experimentadas. Mas outros, os mais oníricos, retratam universos mais lúgubres.
AL – Demorou para você descobrir sua verdadeira identidade na literatura? Como foi?
DR – Escrevo desde adolescente. Vez por outra encontro alguma lauda amarelada com ideias interessantes escritas há muito tempo, porém, sem a técnica que só seria adquirida com o passar dos anos. Naquela época, apesar da sensibilidade, eu ainda não tinha experiência de vida, mas já demonstrava certo jeito.
Tratei apenas de seguir escrevendo e principalmente lendo. Pois não há como escrever sem ler. Hoje, sei que leio mais em um mês do que lia em um ano da juventude, e isso não apenas traz inspiração, mas conhecimento.
Para mim é sempre interessante e curioso comparar meus escritos antigos com os de hoje. Percebo que o tema é recorrente, mas a forma de escrever absolutamente díspar.
O conteúdo é o mesmo, mas a técnica se aprimorou sensivelmente. Atribuo isso a experiência adquirida e aos livros lidos.
Consigo discorrer com mais facilidade do que antes sequer conseguia expressar com clareza.
AL – De todas as suas obras escritas, quais são seus livros favoritos? Quais os mais importantes para você?
DR – Difícil dizer, já que o conjunto da obra espelha minha personalidade. Não há um “filho” mais especial que outro, pois todos são tentáculos de minha essência. Apesar dos títulos variados — Do Inferno, Estado Terminal, Asas de Pedra, No Zênite da Insanidade, Mil Poemas e um Suicídio e Nas Brumas do Desalento — todos se unem como nacos do mapa de minha identidade, como partes de um quebra cabeça.
Todos são livros de poesia, com exceção do Mil Poemas e um Suicídio, que apesar de conter cem sonetos, ainda acomoda um conto. Mas o conto desta obra não é de horror. Pelo menos não de horror tradicional. Ele discorre acerca de um personagem perturbado que se impõe uma decisão: matar-se ao atingir o milésimo poema escrito.
Se ele realmente cumpre o que diz no título, isso o leitor vai ter que descobrir.
O horror aqui presente é o dos pensamentos do protagonista. É o do seu absoluto tédio.
AL – Você tem planos para o próximo ano? Vamos ter lançamento de livros em 2019?
DR – Aprendi com a existência que o único plano viável é o de permanecer vivo, apesar de tudo, mas, sem dúvida que tenho planejamentos relativos a publicações.
Tenho alguns livros terminados, sendo um com dez contos de horror, intitulado “Contos Noturnos” e mais outras obras de poesias. Talvez o de contos saia ainda esse ano, realmente não sei. Depende da agilidade da gráfica.
Os outros, veremos. É questão de tempo.
AL – Entre suas obras, qual você considera mais interessante para o leitor? Porque?
DR – Considero todas importantes, não apenas do ponto de vista artístico, mas pelos assuntos que tratam.
Os motes se estendem: a dor da perda, amores não correspondidos, vingança, medo, depressão, traição, melancolia, lembranças torturantes, memórias destrutivas, abandono, a perspectiva da morte, a certeza da transitoriedade, o impulso suicida, etc.
São temas que acompanham o ser humano desde sempre, em sua jornada existencial. São conteúdos que muitos preferem abandonar, mas que estão mais presentes do que muitos sequer imaginam, seja nos noticiários ou em sua própria psique. A literatura mundial está repleta por estas questões, e me incumbi da tarefa de esmiuçá-las. Isso para mim é uma necessidade.
Procuro colocar o dedo na ferida e discutir, sem meias palavras, o lado negativo da alma humana.
AL – Me diga alguns motivos pelos quais você tem que ler os livros de Dylan Ricardo?
DR – Eu leio para corrigi-los, pois buscar o perfeccionismo nos textos é minha patologia mais evidente. Quanto aos outros, entendo que cada um tenha o seu, tanto para ler quanto para não ler.
Eu acho a temática de minha obra relevante para o aprimoramento emocional, e claro, também para o da escrita, pois utilizo muitas palavras que já caíram em desuso. Por esse fato, como fonte didática é interessante, mas não só por isso, creio que o conteúdo instigue a reflexão.
Encaro meus escritos quase como crônicas que estimulam à introspecção. Como relatos pessoais que esmiúçam os conteúdos psicológicos. Alguns, admito, são difíceis de ler, não apenas pela forma, mas também pela mensagem.
Somando tudo, mostro que é produtivo ler o que não desrespeita o intelecto
Moldo o desabafo à métrica poética, e com isso converto em arte o que poderia ser apenas mais um brado de angústia. Na verdade, escrevo por desespero.
Minha obra é um diário de desesperança.
AL – Qual a mensagem que o mais recente livro “Mil poemas e um suicídio” transmite?
DR – Creio que a mensagem mais clara é a da solidão. É a de como temos que nos virar sozinhos ante os perpétuos abalroamentos da existência.
O livro é narrado na terceira pessoa. Coloco-me na posição de alguém que contempla um homem perdido e desesperado, cheio de recordações e inquietudes.
Na obra seu percurso é examinado passo a passo, seus erros, pensamentos e dúvidas.
Abaixo, deixo-os com o texto da introdução da obra que explica melhor quem é o personagem:
O protagonista desta obra está completamente perdido. Abandonado não só ao inferno da realidade, mas à sorte de um comportamento destrutivo. Sonhador, preferiu nutrir seus dias com hábitos quase autistas, buscando no mundo dos livros refúgio e acolhimento. Decidiu imergir na fantasia desejada, apesar de permanecer assombrado pelos fatos do passado. As decepções e os erros lhe perseguem sob a forma de arrependimentos e despertos pesadelos, tornando sua rotina uma penalidade.
Sua taciturna forma de ser, cultivada ao longo dos anos no sombrio molho da negatividade, o fez aprofundar-se no mundo das obras ultrarromânticas e simbolistas, tendo nelas encontrado inspiração não só para escrever, mas também conduzir seu “estilo de existir”.
Anacrônico, isolou-se em seu minúsculo quarto, convertendo a sua cela mental em cárcere físico, e ali, vitimado por lembranças e desejos regurgitou violentamente em textos, perdas, sonhos, dores e revoltas.
Podemos afirmar, sem dúvida, que sua existência, por ser recheada de infaustos eventos, lhe forneceu material suficiente para o pessimismo e desesperança que permeia suas composições. Sendo todas, prolongamentos de sua própria personalidade transtornada.
AL – Espaço para últimas palavras e agradecimentos.
DR – Gostaria de deixar algumas palavras ao leitor, ao escritor, ao poeta e aos editores.
Ao escritor e poeta apenas digo: escreva. O mercado será cruel se você tiver algo realmente interessante a dizer. É assim que funciona, não pare por causa disso.
Boa parte da humanidade não está acostumada a raciocinar, ela prefere alimentar seu intelecto com as guloseimas da alienação, não se deixe abater por isso. Escreva para você. Seja seu leitor mais exigente.
Ao leitor desejo boa sorte na escolha de obras que valham a pena ser lidas. Eduque-se, e principalmente se respeite. Respeite a máquina viva e maravilhosa que você tem entre as orelhas. Não a desacate com literatura dispensável e estúpida.
Aos editores, apelo para a sensibilidade. Tenham em mente que escrever é uma arte, e que o verdadeiro escritor necessita de apoio. Ele não é um comerciante, tampouco milionário.
Quero agradecer a Cultura em Letras Edições, a Chiado Editora e a All Print Editora.
Com especial agradecimento ao editor Occello Oliver, da Cultura em Letras Edições, por sua perpétua paciência e absoluta dedicação.
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