Durante cinco horas, toda a cidade do Rio de Janeiro permaneceu em estágio de crise devido à forte chuva, seguida de ventos e muitos raios. Às 05h30, a cidade retornou ao estado de atenção, porém algumas vias permaneceram interditadas e serviços de transportes de massa, como trens e o BRT estiveram suspensos.
De volta à CDD, passavam das 23h00 de ontem (14), quando um forte temporal tomou conta do bairro da CDD.
As localidades do AP 2, Karatê, Rocinha 2 e APs da Gabinal foram as mais afetadas e em menos de 20 minutos já podia se ver os resultados da drástica ação das águas.
Ainda não se tem uma estimativa exata de quantas famílias foram afetadas com a enchente, no entanto, o que se sabe até o momento é que três pessoas vieram a óbito por conta dos incidentes desta madrugada.
Palco recente de intensos tiroteios ainda no início do ano novo, entre os dias 31 de janeiro e 1° de fevereiro, a Cidade de Deus relatou o tenso clima entre moradores e motoristas que trafegavam pela Linha Amrela – importante via expressa que liga a Baixada de Jacarepaguá à Ilha do Fundão, eliminando a necessidade de transitar pelas vias da Zona Sul.
Coincidentemente, fazendo um viagem pelo túnel do tempo ao ano de 1996, o dia 13 de fevereiro se tornou uma grande tormenta para a Cidade de Deus… Em um evento de magnitude incomensurávelmente maior que a enchente de ontem, há exatos 22 anos, as chuvas deixaram 1.700 desabrigados e 28 mortos, além de 30 desaparecidos – fato este que refletiu no desfile da escola de samba local, o “GRES Mocidade Unida da Cidade de Deus” (na época Mocidade Unida de Jacarepaguá). Com o enredo “Quilombo dos Palmares, um Paraíso Negro”, os componentes da agremiação que se apresentava pelo grupo de acesso, adentraram a Marquês de Sapucaí em “luto”, e com um único surdo e com faixas retratando a dor e o sofrimento da comunidade, percorreram em cadência marcial em respeito ao lamentável acontecimento no bairro que destruiu todo o seu material de desfile e levou a óbito alguns de seus componentes. Naquele dia Macidade da Cidade de Deus ocupou o 12° lugar, conquistou o rebaixamento e nunca mais pisou no sagrado solo da Apoteose do Samba.
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Esperemos que mais uma vez, o morador da nossa querida Cidade de Deus renove suas forças e renasça mais uma vez como uma grande Fênix das cinzas das aparentes impossibilidades que insistem em frear a força de quem produz cultura e arte com recursos quase sempre mínimos, a fim de que legado não seja comprometido por conta das inúmeras dificuldades…
Tamo junto CDD! Sempre!!
Por – Andrea Lacocca –
Jornalista / Assessora