Os fatores de risco, o que funciona e o que não funciona para quem sofre na hora de dormir estão nas diretrizes da Associação Brasileira do Sono
A Associação Brasileira do Sono (ABS) e a Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) coordenaram a atualização das diretrizes clínicas sobre a insônia em adultos. O “Consenso Brasileiro de Diagnóstico e Tratamento da Insônia em Adultos”, um documento com mais de 150 páginas, é um direcionamento clínico formulado por especialistas em estudo do sono para orientar os profissionais com base nas melhores evidências científicas disponíveis.
O cardiologista Luciano Drager, presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS) , é um dos autores do consenso e está à dispoição para falar sobre as diretrizes.
10 destaques do consenso de Insônia:
1) A insônia é mais prevalente no sexo feminino, em indivíduos na meia-idade e idosos, em trabalhadores em turno, em pacientes com doenças clínicas e psiquiátricas, em pessoas de baixa renda e em indivíduos que moram sozinhos (solteiros, separados ou viúvos).
2) São fatores de risco para a insônia o sexo feminino, principalmente após a menopausa, idade avançada (idosos), histórico familiar de insônia, história prévia pessoal de insônia e características de personalidade ansiosa.
3) Mudanças de hábitos, de comportamento, de crenças e até de perspectivas em relação ao quarto e à cama do paciente podem resolver o problema sem a necessidade de medicamentos.
4) Caso se considere o uso de medicamentos, os agonistas de receptores benzodiazepínicos, como o famoso Zolpidem, e os antagonistas de receptores de orexina (suvorexanto, lemborexanto e daridorexanto) e alguns antidepressivos sedativos são as drogas mais indicadas após avaliação particularizada.
5) O tratado também sublinha que “soluções” de uso popular, como melatonina, chá de camomila, acupuntura e aromaterapia não são indicados para a insônia ou ainda carecem de confirmação científica.
6) O canabidiol (CBD), que vem ganhando fama por, supostamente, reduzir a dificuldade de dormir, também tem seu efeito questionado. Alguns estudos prévios mostram que a substância melhora a qualidade do sono, mas os pesquisadores recomendam cautela.
7) Fitoterápicos como Valeriana, Camomila e Passiflora não têm diretrizes científicas que orientem o planejamento terapêutico ou comprovação de seus efeitos sobre o sono.
8) Anti-histamínicos (antialérgicos) não devem ser utilizados no tratamento da insônia por causarem efeitos no Sistema Nervoso Central e comprometimento no desempenho de crianças e adultos no trabalho, estudo, direção e uso de máquinas – além de outras condições descritas no consenso.
9) O consenso mostrou que, na prática clínica, há pouca ênfase às medidas não-farmacológicas ofertadas aos pacientes com insônia (como terapias comportamentais, meditação e prática de ativida de física, por exemplo) e reforça o papel de destaque da terapia cognitivo-comportamental no tratamento.
10) O fato de o profissional de saúde e o paciente acabarem depositando boa parte do sucesso no tratamento farmacológico, muitas vezes sem um plano definido do tempo de uso e tentativas de retirada, pode contribuir para o abuso no uso das substâncias e dependência delas.
O “Consenso de Diagnóstico e Tratamento da Insônia em Adultos 2023” que apresentou diretrizes importantes para especialistas em saúde de todo o Brasil está disponível para consulta no portal da Associação Brasileira do Sono – ABS.
Sobre a Associação Brasileira do Sono
https://www.instagram.com/absono/
Fundada em Agosto de 1985 com o nome Sociedade Brasileira do Sono, a instituição congrega todos os profissionais brasileiros que estudam sono, incluindo desde áreas experimentais básicas, Biólogos, Técnicos de Polissonografia, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Psicólogos, Odontologistas e Médicos. A associação é fundamentalmente desde sua origem multidisciplinar e a lista de especialistas que participam da sociedade não para de crescer.
Com o passar dos anos a sociedade se adaptou aos desafios e, desde 2005, passou a se chamar Associação Brasileira do Sono (ABS). Agrega também sob o mesmo teto e com direção compartilhada as sociedades co-irmãs: Associação Brasileira de Odontologia do Sono (ABROS) e Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS), ambas criadas para atender necessidades específicas de dentistas e médicos.
A ABS é reconhecida mundialmente. A associação promove inúmeras atividades, incluindo cursos, reuniões com a sociedade civil e com os gestores de políticas públicas, além de promover diálogo constante com a sociedade sobre os mais diversos temas relacionados ao sono. A Associação Brasileira do Sono é responsável também pelo periódico científico Sleep Science, revista publicada em inglês com reconhecimento mundial, recebendo artigos científicos originais de todas as partes do planeta.
As regionais do sono estão presentes em 22 estados do Brasil.
-Marenza-
Foto de Capa: Imagem de Dieter Robbins por Pixabay
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