Quatro bailarinas da comunidade Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, estão prestes a realizar o sonho de qualquer pessoa que pensa em viver da dança. Elas ganharam bolsas de estudos nos Estados Unidos, na Companhia Ajkun Ballet Theatre, em Nova Iorque, e na Albano Ballet Company, em Connecticut. E para chegarem preparadas para esse desafio, em um país totalmente diferente, elas estão recebendo apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Sececrj). Nesta terça-feira (14), um bate-papo pra lá de especial foi realizado com a bailarina Ana Maria Botafogo, no Theatro Municipal.
“A arte não tem fronteiras, ela abre caminhos para muitos jovens, e é um privilégio colocar o Governo do Estado à disposição para contribuir na transformação da vida dessas quatro meninas da Cidade de Deus”, afirma o governador Cláudio Castro.
Referência no ballet clássico, Ana Botafogo fez o papel de anfitriã e levou as meninas para um tour por cada cantinho do Theatro, espaço que ela conhece como poucos. As jovens passaram pelo Salão Assyrio, Varanda das Bailarinas, Foyeur e Salão de Espetáculos. Foi nessa última parada que a emoção tomou conta de todas elas: pela primeira vez, puderam pisar em um dos palcos mais tradicionais da América Latina e até ensaiaram alguns passos.
“Acho que esse encontro serve de estímulo para um momento novo na vida de cada uma delas. Conversando com elas, pude contar como foi viajar pela primeira vez para fora do país e dançar em uma companhia profissional. O que a Secretaria está promovendo e proporcionando é muito importante, garantindo mais subsídios culturais para que elas possam sair daqui conhecendo o teatro mais tradicional do brasil, a sua história e vendo como é a vida do bailarino. O meu conselho é ter disciplina, muita garra, vontade de vencer e que não percam um segundo sequer da experiência”, explicou Ana Botafogo.
As bailarinas Luana Amara, 19 anos, Kemilly Nascimento, 16, e Giovanna Mendes, 13, viajam no dia 6 de março e terão bolsas na Cia. Ajkun Ballet Theatre. Já a amiga Ana Alice Galvão, 17 anos, irá em junho para a Escola Albano Ballet Company, em Hartford, Connecticut, a duas horas de Nova York. Para as meninas, a conquista desta oportunidade é a realização de um sonho.
“Pisar no palco do Theatro me trouxe memórias de tudo que já aconteceu na minha vida, desde a falta de incentivo no início até o momento em que estou agora, passando por todas as lutas que enfrentei. Vai ser minha primeira vez viajando de avião. Estou com muito medo, mas quero agarrar essa oportunidade com todas as minhas forças e não desperdiçá-la. Meu sonho é voltar aqui no futuro como bailarina do Theatro”, conta Kemilly.
Além do encontro e bate-papo com Ana Botafogo no Municipal, o conjunto de ações da Secretaria incluiu passeios turísticos, através do Passaporte Cultural, e aulas básicas de inglês e de familiarização com a cultura americana, por meio da Assessoria de Relações Internacionais. Inclusive, elas foram levadas para conhecer o parque Ártico Neve e Gelo Rio de Janeiro, onde puderam ter a primeira experiência com temperaturas abaixo de zero, algo comum no estado americano em que elas vão morar.
“Todas as ações estão sendo organizadas por meio do nosso Passaporte Cultural, programa criado para cumprir o papel de democratizar o acesso aos equipamentos culturais e que tem mudado a vida das pessoas. O principal objetivo com essas meninas é prepará-las para essa experiência e promover uma imersão à cultura e às belezas fluminenses, já que essas bailarinas vão representar o Rio no exterior”, ressalta a Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Danielle Barros.
Sobre a Academia
A Academia de Dança Valéria Martins existe desde 2013 e ensina ballet, jazz, sapateado e hip hop para crianças e adolescentes. O espaço atende, atualmente, mais de 200 pessoas e funciona com caráter social, cobrando mensalidades de R$ 20 a R$ 90 das mães das alunas, de acordo com a possibilidade financeira de cada família. As alunas destaque, que irão representar o Brasil nos Estados Unidos, seguem um regime diário de treino das 14h às 22h, com folga aos sábados e domingos. No local, elas são exemplo e já atuam como professoras das alunas mais novas. Para Valéria Martins, todo esforço delas agora está sendo recompensado.
“Somos uma grande família. As próprias alunas são professoras voluntárias, ensinam as menores e fazem muito pela comunidade. Elas são merecedoras de tudo que está acontecendo. É uma felicidade muito grande vê-las chegando mais alto do que um dia sonhei pra mim. Eu sinto o que elas sentem. O sonho delas é o meu sonho. Poder dividir esse momento com elas é muito gratificante e sou, hoje, uma profissional realizada enquanto professora”, conclui Valéria.
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-Ascom Cultura-
Foto de Capa: Gui Maia
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