Em meados de fevereiro passado, a lendária dupla de HIP-HOP, “Eric B. e Rakim”, desencadeou uma erupção de debates através de sua conta do Twitter gerando a seguinte declaração em relação ao atual gênero musical do HIP-HOP:
“Você está testemunhando a devolução da música RAP. A morte da poesia e da suavidade, eles usam isso. A ausência de uma mensagem. Essa incapacidade de criar mudanças significativas através de palavras e versos, mas o pior é, eles nem sabem que ferem esse propósito artístico, é lamentável”
diz “Rakim”.
Vários fãs de Eric B. e Rakim e apreciadores do lirismo do HIP-HOP evitaram a aproximação da discussão que não teve muitos “likes”. No entanto, a declaração abriu um diálogo potente sobre as redes sociais motivando a participação de importantes líderes do HIP-HOP, que naturalmente expressaram também sua preocupação através de seus próprios caminhos e ações.
O tweet foi excluído, e apesar do apoio recebido, o próprio “The God MC”, como é também chamado Rakim Allah, em entrevista recente ao site “TMZ.com”, deixou entender sua posição sobre a forma de arte moderna do RAP e a qualidade da Cultura atual do HIP-HOP. Segundo Rakim, os veteranos devem permitir que os “jovens artistas” sejam eles mesmos, mas que também busquem a importância histórica de seus ancestrais, sabendo a real diferença entre HIP-HOP e RAP. Em sua posição de veterano, Rakim, luta para que haja uma perfeita renovação do HIP-HOP com vistas de garantias para prosperidade do Movimento:
“O HIP-HOP está assumindo muitas rotas diferentes ao longo dos anos. E eu estou nisso desde 1986, vi o HIP-HOP avançar muito. Neste ponto, eu só quero ver isso prosperar “, disse Rakim. “O que eu desejo é que os jovens artistas sejam de fato jovens artistas. Eu já fui um jovem artista. É só ter a certeza de que eles compreendam a diferença entre HIP-HOP e RAP. Eu não tenho nenhum problema com o RAP, mas eu sou mais da Escola de Letristas”, explica o rapper, que não busca tecer críticas destrutivas aos artistas da Nova Escola diante de seus questionáveis trabalhos. Sua preocupação nesse caso, tem a ver com o modo de visão passada por estes através de seus projetos musicais para manter vivo o título do HIP-HOP, considerado até certo ponto, o gênero de música mais direto do mundo. Como alguém cujo conceito de HIP-HOP se baseia em “consciência social” e “auto-consciência”, Rakim testemunhou a ascensão primária do HIP-HOP se tornar refém da questionável cultura “champanhe e jóias”, mais conhecida como a “Era Bling-Bling”:
“Eu sou da época em que uma letra era muito mais consciente. Muito mais substancial. Naquele tempo, acho que a arte imitava as ruas em vez das ruas imitarem a arte “
reflete.
Rakim reitera que não deseja moldar ninguém ao estilo “Follow the Leader” [segundo álbum de Eric B. & Rakim, lançado em 1988, considerado hoje em dia um dos mais influentes álbuns de HIP-HOP da história do gênero], diante dos modernos sons do RAP da Nova Escola. Embora ele não julgue nenhum artista jovem pela falta de compromisso no HIP-HOP, não afasta também a realidade do seu conteúdo musical fraco e “degradante”, que segundo o próprio Rakim, não é nem paralela à forma de arte principal de “Emceeing”:
“Sem desrespeito a qualquer artista, mas há muita música degradante aí fora. No que diz respeito à degradação da cultura e da sociedade degradante, bem como do ser humano. Mas, são indivíduos que escolhem fazer esse tipo de música”
lamenta.
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Rakim também não poupa os ouvintes do HIP-HOP de hoje. Para ele, os ouvintes precisam não só saber a diferença entre HIP-HOP e RAP, mas também serem exigentes possuindo o poder de escolha sobre a música que merece ser ouvida e apreciada. Rakim apela para que os ouvintes da Nova Geração sejam mais “formadores de opinião” ajudando seus artistas prediletos à elaboração de músicas com “um pouco mais de conteúdo”:
“Quanto aos ouvintes, acho que eles deveriam ser um pouco mais opinativos sobre o que eles ouvem e o que eles realmente gostam”, diz Rakim à TMZ. “Eu acho que isso ajudará não só o que está acontecendo aí fora, mas ao artista tomar decisões conscientes para fazer música com um pouco mais de substância”
William Michael Griffin Jr., mais tarde “Rakim Allah”, após sua conversão à “The Nation of Gods and Earths” [também referida como “NGE” ou “NOGE”, a “Nação dos Deuses e das Terras”, ou os “Cinco Porcentos”, é um movimento fundado em 1964 no bairro do Harlem, em Nova York, por um ex-membro da Nação do Islã (NOI), “Clarence Edward Smith”, conhecido como “Allah the Father” -, diga-se de passagem, ex-aluno de “Malcolm X”]. Nascido no dia 28 de Janeiro de 1968, em Long Island, Nova York, ficou mais conhecido pelo nome artístico “Rakim” ou “God MC” e é creditado como um dos pioneiros do HIP-HOP. É também creditado como um dos mais influentes e habilidosos MCs do último século. Em seu projeto ao lado do “DJ Eric B”, o álbum “Paid In Full”, lançado em 1987, se tornou um clássico do HIP-HOP, nomeado como o “melhor álbum de HIP-HOP de todos os tempos” pela MTV. Rakim, enquanto rapper, foi creditado também como o “quarto melhor rapper de todos os tempos” pela MTV. Fez parceria com a banda californiana “Linkin Park” na canção “Guilty All the Same”, lançada em março de 2014 para o sexto álbum de estúdio do grupo, “The Hunting Party” e continua sendo um notável exemplo para quem deseja manter vivo o Real Espírito HIP-HOP nos dias de hoje….
Paz e Respeito!!
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Por: DJ “Zulu” TR.
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