Eram tempos de chumbo quando o MPB4 lançou o LP “Cicatrizes”, com um repertório refletindo o clima soturno do país sufocado pela ditadura. Lançado há 50 anos, o trabalho é considerado o mais importante da discografia do grupo, que, da formação original, conta com Miltinho e Aquiles Reis, além de Dalmo Medeiros (integrante desde 2004) e Paulo Malaguti Pauleira (integrante desde 2012), que substituíram os saudosos Ruy Faria e Magro Waghabi, respectivamente. A turnê comemorativa chega a Niterói nos próximos dias 25 e 26 de junho, sábado e domingo, com apresentações na Sala Nelson Pereira dos Santos.
Aos 57 anos de carreira, o MPB4 lamenta que o disco esteja tão atual. “A gente canta músicas de 50 anos atrás, e a plateia entende exatamente do mesmo modo que aquela plateia dos anos 1970 entendia. É triste, andamos pra trás… Só que lá atrás, tivemos anistia, eleições diretas, momentos de esperança…”, recorda Miltinho, que sente orgulho de o MPB4 ter feito parte do movimento pela democracia no país.
Feliz em cantar em sua Niterói natal, Aquiles também lembra bem da censura da época da ditadura, mas há alegrias que vão além das tristezas daqueles tempos duros. “A gente cantava como se não houvesse amanhã; ou melhor, como se o amanhã tivesse dependendo da nossa participação. E a participação do MPB4 na resistência cultural foi importantíssima.”
O LP “Cicatrizes” trazia canções que fazem parte do repertório do grupo até hoje, como “San Vicente” (Milton Nascimento / Fernando Brant) e “Partido alto” (Chico Buarque), que atualmente é cantada nos shows com uma estrofe nunca gravada: “Deus me fez um cara surdo, cego e censurado / Submisso, submerso, subalimentado / Mas um dia o vento vira, e é bem tomar cuidado / Pois a coisa fica feia também pro seu lado / Passe bem, muito obrigado”.
A censura dos anos 1970 perseguiu o MPB4, principalmente porque o grupo trabalhava muito com Chico Buarque, um dos nomes mais visados pelo regime militar de então. Miltinho, Aquiles, Magro e Ruy tiveram problemas significativos com a censura, inclusive shows proibidos. Uma das músicas do disco “Cicatrizes”, “Pesadelo” (Maurício Tapajós / Paulo César Pinheiro), que também faz parte do show, só escapou da sanha dos censores porque um de seus autores, Paulo César Pinheiro, enviou a letra para a censura junto com outras escritas para o repertório de Agnaldo Timóteo. Valeu o drible!
No total, o show contará com sete canções do disco com os arranjos vocais originais de Magro Waghabi (diretor musical, arranjador e ex-integrante, falecido em 2012), que serão intercaladas por grandes sucessos do MPB4, como “Roda viva” (Chico Buarque), “Amigo é pra essas coisas (Aldir Blanc / Silvio da Silva Jr) e “Vira virou” (Kleiton Ramil). Também faz parte do repertório do espetáculo, a faixa-título do disco, “Cicatrizes”, responsável por jogar luz sobre o lado de compositor de Miltinho.
Para o show comemorativo das cinco décadas de “Cicatrizes”, o MPB4 estará acompanhado no palco por João Faria (baixo), Pedro Reis (guitarra e bandolim) e Marcos Feijão (bateria), banda que acompanha o grupo há pouco mais de 30 anos.
Anotou na agenda? MPB4 em “Cicatrizes – 50 anos”, dias 25 e 26 de junho, na Sala Nelson Pereira dos Santos, em Niterói. É show para todo mundo cantar junto. Afinal de contas, fãs unidos jamais serão vencidos!
SERVIÇO
Show “Cicatrizes – 50 anos”
Datas: 25 e 26 de junho (sábado e domingo)
Horários: 21h no sábado / 20h no domingo
Local: Sala Nelson Pereira dos Santos
Endereço: Av. Visconde do Rio Branco 880 – São Domingos – Niterói
Ingressos: R$ 80 (inteira) / R$ 40 (meia)
Ingressos à venda no site da Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/73488/d/139832/s/903266
Classificação etária: 18 anos
-SG Assessoria de Imprensa-
MP4 – Foto de Capa: André Pinnola
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