Nascido em Nazaré das Farinhas, interior da Bahia, o nome de Roque Ferreira está em diversos discos dos maiores sambistas brasileiros. A Roda de Samba da Pedra do Sal, ícone da cultura popular carioca, é um movimento que reconhece o samba como ancestral sagrado e legítimo porta-voz da memória sociocultural afro-brasileira. O encontro entre eles traz a importância da representatividade do poeta e compositor do berço do samba do Brasil com a jovialidade e comprometimento de uma roda, representante do berço do samba do Rio de Janeiro.
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O show, que leva o nome da música “O menino do Samburá”, composta por Roque Ferreira, acontecerá em São Paulo, no Sesc Pompeia, em 29 de novembro, às 21h30. Uma sexta-feira que vai presentear o público amante da cultura e principalmente do samba com sucessos e relíquias como Samba pras Moças e Água da Minha Sede, gravadas por Zeca Pagodinho, Apenas um Adeus, por Clara Nunes, Triste Regresso, João Nogueira, além de histórias sobre o nascimento dessas composições. Um espetáculo que contemplará uma variedade de ritmos como ijexá, coco de embolada, samba de capoeira e em especial o samba de roda.
“A Roda de Samba da Pedra do Sal percebeu um grande hiato histórico de celebração merecida, com necessário reconhecimento e gratidão, para com um dos maiores compositores baianos de todos os tempos. Nosso grupo possui uma ligação direta com o samba de roda da Bahia, constituído de tão vasta riqueza rítmica, melódica, harmônica e cultural contida na obra de Roque, explica Walmir Pimentel, músico da roda carioca.
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Para Roque Ferreira este será um momento de celebração. “Eu já tenho mais de 40 anos de carreira e considero esse projeto importante, primeiro pelo fomento ao samba, e depois porque dialoga com minhas aspirações como sambista”, relata o compositor baiano.
“Gosto de me resguardar nos bastidores, não sou afeito a muita mídia, mas acredito que uma carreira longa como a minha, tendo sido consagrada com os maiores nomes do samba no Brasil, merece ser celebrada. Subir ao palco novamente para mim nesse momento é uma maneira de comemorar e exaltar o samba”, finaliza Roque.
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A noite será de clássicos. No palco, estarão as obras dos discos “Tem Samba no Mar” lançado em 2004, e “Terreiros”, em 2015, além de outras letras e sucessos, gravados por nomes importantes da música brasileira.
Os ingressos com valores entre 9 e 30 reais já estão disponíveis para a compra, que pode ser feita de forma presencial e também on line, permitindo assim que o público que acompanha a Roda, às segundas-feiras, no Rio, e os fãs de Roque Ferreira, que não moram em São Paulo, mas queiram estar lá, na sexta, possam garantir seu lugar no show.
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“Este é um projeto de enorme valor para a cultura. Um artista fundamental como Roque Ferreira precisa ser reconhecido e exaltado. Levá-lo ao palco é uma forma de agradecimento por sua contribuição à música brasileira, e uma imensa honra para nós”, conta Clarissa Mello, produtora da roda de samba da pedra do sal e idealizadora deste inédito encontro.
“Roque é um dos grandes nomes do samba baiano, e a Roda de Samba da Pedra do Sal, é um movimento comprometido com o resgate da cultura popular, acima de tudo com o samba. É um grupo que alia arte, cultura e educação, e desempenha um trabalho cultural, histórico e musical diretamente ligado à diáspora baiana, e Roque Ferreira é a representação clara deste cenário. Para nós, ter essa ideia incentivada pelo Sesc foi um grande presente. Estamos muito honrados e agradecidos. Nosso maior desejo é levar esse trabalho e o mestre Roque a todos os cantos do Brasil, pois a beleza de sua obra deve ser conhecida e exaltada pelo maior número possível de pessoas”, conclui Clarissa.
((( A roda carioca e Roque Ferreira )))
A Roda de Samba da Pedra do Sal acontece há cerca de 12 anos, semanalmente, às segundas-feiras na Rua Argemiro Bulcão-Largo da Prainha, região portuária, onde se iniciou a cidade maravilhosa, sendo então um dos movimentos percussores responsáveis pela ocupação cultural do espaço, que encontrava-se abandonado e nos últimos anos passou por uma revitalização, sendo reconhecido como elemento histórico da cidade do Rio de Janeiro e fazendo parte do roteiro turístico.
Nascida aos pés do Morro da Conceição, local de vasto simbolismo histórico e religioso, que se tornou a “Pedra do Sal” – onde se assentou o maior mercado de escravos do planeta, o Cais do Valongo – a Roda de Samba da Pedra do Sal se consolidou como uma das rodas de samba mais expressivas da cidade, sendo reconhecida por cantar e contar a cultura das memórias africanas, tornando-se um samba diferenciado, com grande apelo pela cultura de base, respeito pela história e ancestralidade, em defesa do gênero mais significativo da rica música popular.
Eleita em 2015, como a melhor roda em espaço público do país, tornou-se patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro, atraindo não só os amantes da cultura, que cantam na palma da mão junto com a roda, como também inúmeros visitantes de outros estados e países, sendo um ponto de visitação e diversão do roteiro turístico carioca.
Seus integrantes, jovens músicos cientes da relevância dos fatos locais, utilizam vasto repertório e seus instrumentos como ferramentas de transmissão desses saberes. Para eles o samba transcende o caráter festivo e comercial, sendo percebido e reconhecido como ancestral sagrado, legítimo porta-voz da memória sociocultural afro-brasileira, do qual o poeta e compositor Roque Ferreira é protagonista.
E foi essa dinâmica virtuosa do grupo que alia arte, cultura e educação que fez o grupo crescer e buscar estar ao lado de Roque para contar por meio do show um pouco da história desse clássico representante da música popular brasileira.
Roque Augusto Ferreira, nasceu em 1947 e até hoje permanece morando na Bahia. Filho ilustre de Nazaré das Farinhas, com apenas dois anos de idade, mudou-se para Salvador, onde reside até hoje.
Começou a compor com apenas 14 anos e com tanto tempo de estrada está presente em muitos dos discos de artistas que cantam e reverenciam o samba. Clara Nunes foi uma das responsáveis por seu lançamento ao grande público, quando gravou “Apenas um adeus”, para seu disco “Esperança”, em 1979. Desde então Roque não parou mais.
Com mais de 400 músicas gravadas, suas composições fazem parte do repertório de Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Alcione, Zelia Duncan, Teresa Cristina, Mart’nália, Dudu Nobre, Mariene de Castro, Roberta Sá e Maria Bethânia, que gravou sete composições inéditas. Muitas também foram cantadas pela madrinha do samba, Beth Carvalho, Roberto Ribeiro, João Nogueira e pelo grande bamba Elton Medeiros, que se fora no último dia 03 de setembro deste ano.
Estudioso da paisagem cultural brasileira, começou a compor samba de roda – gênero característico do recôncavo baiano – com melodia rica, harmonia simples e versos curtos. Ao lado de Riachão, Ederaldo Gentil, Batatinha, Panela e Walmir Lima, é considerado um dos mais importantes compositores do samba baiano.
((( Os sucessos )))
“Apenas um adeus”, gravada por Clara Nunes, fez parte do disco “Esperança”, em 1979. “Provinciano”, parceria de Roque Ferreira e Ederaldo Gentil, foi composta m 1983. “Doce de cajá”, cantada por Beth Carvalho, logo em seguida, em 1984.
Dois anos depois, em 1986, João Nogueira interpretou “Triste regresso”. Em 1995, a composição “Samba pras moças”, que fez junto com Grazielle Ferreira, deu título ao CD de Zeca Pagodinho. No ano de 1998, Maria Bethânia interpretou “Bolero”, música composta com Batatinha.
Junto de Dudu Nobre tem dois clássicos. “Pro amor render”, interpretado por Martinho da Vila e “Água da minha sede”, que não só foi gravado por Zeca Pagodinho, mas também deu nome ao seu disco, no ano 2000.
Em 2004, lançou pelo selo Quelé, o CD “Tem samba no mar”, seu primeiro disco solo, no qual interpretou “Menino de samburá”, “A mão da dor”, “Dona Fia”, “Quebradeira de coco”, “Luz de candeeiro” e “Oxossi”.
Em 2010, a cantora e compositora Roberta Sá lançou o disco “Quando o canto é reza”, em homenagem ao compositor. Neste mesmo ano, Mariene de Castro, lançou o projeto “Meu Cumpadre Ferreira”, cantando as composições de Roque, que delinearam sua carreira.
Em 2015, foi a vez dele mesmo mostrar seus trabalhos. Onze anos após o lançamento do primeiro CD, Roque trouxe o álbum “Terreiros”, com tanta música boa, que foi indicado na categoria melhor álbum de samba, no Prêmio da Música Brasileira.
São tantas as músicas que só mesmo um show para conseguir reuni-las em único momento. E assim, em 2019, junto da Roda de Samba da Pedra do Sal, Roque Ferreira, aos 72 anos, sobe ao palco para festejar com o público grande parte de seus sucessos.
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