Por Profº. Drº. Babalawô Ivanir dos Santo (PPGHC/UFRJ, CEAP, CCIR)
Nascido em 18 de julho de 1918, Mvezo, África do Sul, Nelson Rolihlahla Mandela foi um dos mais proeminentes presidentes africanos no século XX. Vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993, Mandela formou-se em direito e sempre voltou os seus olhos e suas lutas contra todas as formas de opressões ocasionadas pelo regime do apartheid na África do Sul. O apartheid, é uma palavra afrikans (ou africâner), uma língua creolizada derivada do encontro entre a língua holandesa com as línguas nativas sul-africanas, que no seu sentido literal significa separação ou segregação. A política de segregação racial fez da África do Sul o único país do mundo a definir os direitos fundamentais dos seus cidadãos tomando como base a cor da pele, separando brancos e negros no mesmo espaço geográfico.
Algo bem diferente das configurações políticas e sociais do Brasil, que foi construído sobre a ideia de “democracia racial” com o intuito de passar uma imagem de convivência pacífica e harmoniosa entre as “três raças” (indígena, negra africana e branca europeia), a fim de não evidenciar todas as mazelas deixadas em nossa sociedade com o sistema escravocrata. Mandela nunca aceitou que a política do apartheid fosse a base de sustentação das relações políticas e sociais de seu país e foi por lutar contra todo o sistema racista “herdado” do processo colonial que passou 27 anos encarcerado na Prisão Local de Pretória (entre 7 de novembro de 1962 até 25 de maio de 1963), de Robben Island (entre 27 de maio de 1963 a 12 de junho de 1963), novamente em Robben Island (entre 13 de junho de 1964 a 31 de março de 1982) no setor de segurança máxima, na Prisão de Pollsmoor (entre 31 de março de 1982 a 12 de agosto de 1988) e na Prisão Victor Verster (7 de dezembro de 1988 a 11 de fevereiro de 1990).
“Ninguém nasce odiando o outro pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar”. (Da autobiografia “O longo caminho para a liberdade”, 1994). Nelson Mandela.
E dele a célebre epígrafe que diz: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”, publicado em Long Walk to Freedom. A epigrafia, que tornou-se uma das maiores referências internacionais contra todas as formas de preconceito e se mantém atual nos dias de hoje, nos traz para dentro dos debates das construções sociais e imagéticas sobre o outro, que estão intimamente atreladas à ideia de poder. Expressado pelo viés intelectual, político, religioso, histórico e social.
Em resumo, somos “educados”, desde a primeira infância, sobre construções diversas através das redes sociais que transpassamos cotidianamente. E foi contra as formas pedagógicas, coloniais e colonizadoras que estabeleceram as divisões sócias e raciais, que Mandela lutou em busca da garantia da igualdade e equidade entre negros e brancos dentro e fora da África do Sul. Por essa razão, comemoramos na data do dia 18 de julho, todo o legado mnemônico de Nelson Mandela, ansiando as nossas lutas em prol das diversidades, igualdade, tolerância e respeito. Para sempre Mandela.
-Rozangela Silva-
Assessoria de Imprensa
Ivanir dos Santos – Foto de Capa: Brunno Rodrigues
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