A partir de hoje, dia 4 de dezembro até 8 de janeiro de 2020, os visitantes do Centro Cultural Light terão uma nova exposição gratuita para conhecer na Pequena Galeria do espaço. Sonantes é uma proposta individual da artista Ayla Tavares, estudante da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ), que tem como objetivo uma exposição que propõe uma escuta que dispensa o tato e o espaço em que se insere. Por meio de sua pesquisa, a artista convida em sua poética outras possibilidades de experiência sensória, questionando a lógica do arquivo e sua catalogação.
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Por meio da escuta e do engajamento corporal, a série Sonantes (2018-2019), é possível a apreensão e compartilhamento de uma temporalidade dilatada, plasmada no barro e reverenciada na proposição que invoca a durabilidade da cerâmica, a materialidade tida como “eternas” pelos arqueólogos.
Conceito da exposição
Curadoria de Aldones Nino
Modelar a argila é um gesto arcaico, que evoca de maneira simbólica devaneios imemoriais. Modelar é ação dirigida à matéria e requer consciência do gesto, solicitando acúmulos, repetições, um acordo entre o barro e corpo.
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Voltando ao grau zero do objeto para pensar os usos do corpo, seus gestos e suas significações, a artista Ayla Tavares passa a se interessar por objetos arqueológicos encontrados em diferentes fontes (arquivo virtual de museus e in loco). A partir da consonância de formas encontradas na pesquisa de objetos cerâmicos, peças-arquivo geram uma constelação de objetos “estranhamente familiares”, buscando tencionar novas relações e gestualidades, para além de sua catalogação científico-museológica
A série propõe uma escuta que dispensa o tato e o espaço em que se insere. O objeto em cerâmica não permite ser queimado de forma compactada, para sua criação é imprescindível que sua moldagem seja feita sempre em torno de um vazio (sem esse oco a peça explodiria no forno). O oco, o vazio, o iato é essencial para que a forma exista. Em suas peças, o oco passa a ser o local de passagem e fluxo – escuta do aqui e agora: o ruído externo é filtrado por essas formas variando em cada objeto.
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A realocação da hierarquia dos sentidos que propõe Ayla tem continuidade nos desenhos presentes na exposição. Ao mesmo tempo que a artista propõe uma escuta horizontal do barro, os desenhos cumprem um papel especulativo, que subverte a lógica do desenho científico. Funcionando como exercícios de fabulação em torno do espaço interior, alertando para o limite das bordas do cientificismo. A exposição resulta de exercícios de arqueologia sensorial, tencionando temas como arquivo, labor, escuta e tempo. Seus desenhos são executados posteriormente a moldagem e queima das peças, embora possam parecer projetos, apontam para uma indagação sobre a infalibilidade da visão, uma arapuca para o olhar, atuando como uma sombra anticartesiana que é capaz de revelar o oco e o objeto/matéria enquanto uma rede de nexos, propondo epistemes desviantes.
Serviço:
Exposição: Sonantes
Artista: Ayla Tavares
Curadoria: Aldones Nino
Visitação: De 4/11/19 a 8/01/20
De segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 9h às 19h
Centro Cultural Light – Pequena Galeria
Av. Marechal Floriano, 168, centro, Rio de Janeiro
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