Dirigido e roteirizado por Rodrgo França, a peça é permeada de perseguições de cunho religioso, com suas máximas expressões de intolerância em nome de Alá, Jesus, Maomé…Deus. Inveja, ódio, mortes, injúrias, calúnias, perseguições e torturas são algumas das palavras que passaram a ser usadas no lugar de tolerância, amor e respeito na construção mútua da civilidade humana. Por trás desse contexto, temos a figura do Demônio que, determinadas culturas religiosas, para angariar adeptos, demonizam divindades de determinadas sociedades e/ou grupos com a existência de algo perverso. A temporada acontecerá de 21 de outubro a 07 de novembro de 2021, de quinta a domingo, no Sesi Centro.
“O espetáculo explicita as apropriações religiosas ao longo do tempo que determinava que alguns deuses eram personificações do mal. Algumas sociedades foram destruídas por essa estrutura dominadora. Não falamos sobre religião. Falamos sobre o homem que mata, exclui, escraviza, gera miséria em nome da sua fé, dinheiro e poder. Capiroto busca desdemonizar as divindades das sociedades e/ou grupos não cristãos através da tolerância e do respeito entre as diferenças. Acredito que a humanidade não errou. Quem faz as maiores atrocidades por conta do poder econômico, financeiro e político tem raça, gênero, faixa etária, orientação sexual e classe. Então, a peça também fala com essa ponta da pirâmide social. Precisamos falar sobre essa tendência do ser humano em terceirizar a maldade que faz. – Explica Rodrigo França, autor da peça.
Ao falarmos sobre o século XXI, muitos, logo apontam essa como a era da tecnologia, da razão e da ampla circulação do conhecimento. Sob tal quadro, fica difícil imaginar que a figura mítica do demônio tenha espaço na explicação do mundo ou no próprio imaginário das pessoas. De fato, desde que o mundo é mundo, pode-se observar que as culturas ocidentais e orientais elaboram formas de explicar as mazelas que nos afligem. Nesse esforço, a construção de uma figura maligna, acaba assumindo os valores morais e comportamentos de menor prestígio em nossa cultura. Nas religiões cristãs, judaica e islâmica, o mal encarna a figura de um indivíduo que se opõe a Deus e busca atormentar a vida de todos os seguidores de tais religiões.
Atualmente, a descrença no diabo acaba alimentando um interessante debate entre os pensadores da cultura. Para alguns destes, acreditar no diabo é algo fundamental para que a sociedade reforce os seus limites éticos e morais. Desconstruir uma imagem do mal pode levar às pessoas a simplesmente ignorarem os comportamentos hediondos. No fim das contas, acreditar nas forças malignas não deixa de ser uma forma de reforço às qualidades positivas do indivíduo. O desenvolvimento da figura diabólica é fruto das várias dualidades que permeiam o cotidiano do homem. O belo e o feio, a sorte e o azar, o certo e o errado, a vida e a morte compõem jogos em que um lado assume significação positiva e o outro, necessariamente, uma posição completamente negativa. Dessa forma, não se enganem aqueles que acreditam que o universo demoníaco seja somente um traço singular às três religiões anteriormente citadas.
“A discussão filosófica fica a cargo das reflexões sobre a crueldade humana: até que ponto, em nome de Deus, se matou, roubou e destruiu? Até que ponto reproduzimos racismo religioso porque estamos na lógica dominadora ocidental, cujo pilar judaico-cristão baliza nossas compreensões morais e éticas? No desdobrar da peça, vemos um Diabo lúcido e incômodo que questiona o tempo todo a singularidade da verdade e a salvação eterna em Deus. “Capiroto” é uma peça tensa, que nos faz rir brincando com nossas consciências”. – trecho da Crítica de Aza Njeri para o portal Rio Encena
SINOPSE: Você já viu o “Diabo”? E se ele não “existisse”, de quem seria a culpa das mazelas humanas? Só o próprio CAPIROTO poderá responder!
Rodrigo França
Articulador cultural, ator, diretor, dramaturgo e artista plástico. Cientista social e filosofo político e jurídico, atua como pesquisador, consultor e professor de direitos humanos fundamentais. É ativista pelos direitos civis, sociais e políticos da população negra no Brasil. Expôs suas pinturas no Brasil, EUA e Portugal. Ganhou o Prêmio Shell de teatro 2019, na categoria inovação pelo seu coletivo “Segunda Black”, este também contemplado com o 18º Prêmio Questão de Crítica. Começou sua carreira de ator no teatro e cinema em 1992 tendo trabalhado em 42 espetáculos como ator e 8 como diretor. Seus últimos trabalhos como ator são “O encontro” e “Contos Negreiros do Brasil” e como diretor, “Inimigo Oculto” e “O Pequeno Príncipe Preto”.
Leandro Melo
Formado em teatro/dança pela FUNCART em Londrina, integrou o Ballézinho de Londrina e o Grupo Vocal Masculino Sollu’s, onde fez concertos com diretores de Japão, Cuba e EUA. Fez Cursos na CAL /RJ, “Velha Cia”/SP, Caca Carvalho, Sergio Modena, Duda Maia, Rodrigo Portella e estúdio de atuação Roumer Canhães. De 2012 a 2015 integrou a nova montagem musical DZI Croquettes. Protagonizou com personagem Marty – a Zebra, turnê mundial do MUSICAL MADAGASCAR da Stage Entertaiment, entre seus trabalhos destacam-se participações em TV no Seriado “Adorável Psicose” – Multishow, Novela “Vitoria” – Rede Record, Novela “Segundo Sol”- Rede Globo e Curta metragem “A Casa Conectada” e “Lembranças de Verlaine” do Canal Brasil e nos Musicais ” Elis, O musical, “Cabaré Dulcina”, “Satã, Um Show Para Madame”, “Rio Mais Brasil”, “Yank” e “Bibi, Uma Vida em Musical”. Em Cartaz com “Inimigo Oculto”, espetáculo itinerante que trata da violência doméstica contra mulheres e o show “ABBA – People Need Love”.
Ficha Técnica
Autor e Diretor: Rodrigo França
Elenco: Leandro Melo
Direção de Movimento: Kennedy Lima
Diretor Assistente: Júlio Angelo
Iluminação: Pedro Carneiro
Cenário e Figurino: Wanderley Gomes
Arte Digital: Akueran
Designer: João Eliel
Pesquisa Historiográfica: Rodrigo França e Jonathan Raymundo
Consultoria de Representações Raciais e de Gênero: Deborah Medeiros
Fonoaudióloga: Débora Santos e Luisa Catoira
Visagismo: Vitor Martinez
Costureira: Terezinha Silva
Direção de Produção: Fábio França
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
Produtores Associados: Fábio França e Rodrigo França
Realização: Diverso Cultura e Desenvolvimento e Orí Produções de Conhecimentos
SERVIÇOS: CAPIROTO
De 21 de outubro a 07 de novembro de 2021
Teatro Firjan Sesi Centro
Av. Graça Aranha, 1 – Centro, Rio de Janeiro – RJ,
Quintas e Sextas, às 19h
Sábados e Domingos, às 17h
Entrada: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia)
Classificação: 18 anos
Duração: 60 min
-Alessandra Costa-
Assessoria de Imprensa e Comunicação
Leandro Melo – Foto de Capa: Julio Ricardo
@ Portal AL 2.0.2.1