Era uma vez um dedicado leitor que queria ser escritor, pois achava que tinha o que dizer, mas não só isso, ele precisava expor, era muito mais que apenas um exercício de arrogância inconsciente. Era vital.
O monstro que lhe habitava as entranhas estava a cada dia mais barulhento e preenchia cadernos com medos, desejos, lembranças e revoltas. Ele queria registrar tudo o que havia vivido, precisava deixar compiladas suas experiências, como uma marca do que passou durante a existência. Uma prova de que havia vivido.
Ele queria arrancar seus escritos das gavetas e atira-los ao mundo. Queria tocar em sua obra publicada, pegar nas folhas, sentir o peso das frases, o cheiro do livro e o aguilhão de cada letra.
Não lhe bastava mais escrever para si, ele desejava mostrar a todos o que acontecia pelos fumegantes e devastados campos inóspitos do seu cérebro. Queria cuspir, vomitar, arremessar tudo o que lhe carcomia as vísceras.
E copulando com a dor, partejou poemas. Cem poemas que compõe essa pequena obra, fruto de noites em claro, de ácidas lágrimas vermelhas, de espelhos quebrados, paredes esmurradas pulmões nicotinados, garrafas esvaziadas e torturantes lembranças.
Caros leitores, bem vindos ao meu cérebro.
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