Para Marcelo Ribeiro, da EXEC, escutar os representantes dessa comunidade e entender como percebem o ambiente é o começo mais certeiro deste trabalho
No mês de junho é comemorado o Mês do Orgulho LGBTQIA+ ao redor do mundo, incluindo no Brasil. O período é marcado por eventos, paradas e encontros para discutir ações voltadas a essa comunidade, cuja caminhada tem sido marcada por vários desafios, incluindo um ambiente ainda um pouco “inóspito” por parte da sociedade e das empresas.
Os números mostram que, com isso, “sair do armário” não é um processo fácil para muita gente. Segundo uma pesquisa feita pela startup TODXS Brasil, apenas 52% da população LGBTQIA+ assumem publicamente sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Para Marcelo Ribeiro, sócio da EXEC e líder da prática de Diversidade e Inclusão da empresa, o período acaba sendo um importante “acelerador” de iniciativas voltadas a essa população no universo corporativo.
Nos últimos anos, o tema vem ganhando cada vez mais corpo dentro das empresas com a disseminação da importância da diversidade em seus quadros de colaboradores. Porém, ainda está longe de ganhar maturidade. “Ainda há muito preconceito, expressado em forma de microagressões e humor hostil com pessoas que pertencem à comunidade LGBTQIA+”.
Para Ribeiro, como seres humanos, temos dificuldade de lidar com coisas que saem fora do padrão. E nossa sociedade considera como padrão as pessoas cisgêneras heterossexuais. Além disso, na visão do especialista, muitos dos comportamentos discriminatórios são adotados por ignorância ou inabilidade como tema e, por isso, é importante educar as pessoas.
E para os integrantes da comunidade LGBTQIA+, o fato de não poderem se expressar, mostrar quem realmente são dentro do ambiente de trabalho os torna fragmentados, o que impacta em sua felicidade com o trabalho e, consequentemente, na produtividade, ressalta.
Engajamento no assunto
Apesar disso, há um movimento cada vez maior de companhias que estão buscando colocar em prática uma agenda consolidada de ações para ter equipes cada vez mais diversas, incluindo integrantes da comunidade LGBTQIA+.
Mas, segundo o executivo, que vem sendo requisitado nos últimos tempos para falar sobre o tema dentro das companhias, muitas delas ainda não sabem por onde começar a colocar esse tema em prática.
Recomendações para uma jornada de sucesso
Para ele, alguns pontos são primordiais para dar força a essa jornada: escuta, lugar de fala, letramento e discussão.
1 – Mapeie e escute o público LGBTQIA+ e exercite a escuta
O primeiro passo é mapear o público LGBTQIA+ dentro da empresa e, a partir daí, convocar os integrantes da comunidade para compreender seus incômodos, anseios e expectativas.
Marcelo destaca que é um trabalho de longo prazo. “Grande parte das empresas hoje tem pessoas que nasceram décadas atrás, quando o assunto ainda era mais tabu”, destaca.
2 – Eduque a liderança
“As lideranças influenciam o tom da cultura organizacional. As empresas que priorizam o letramento e o engajamento de suas executivas e executivos estão avançando mais na agenda, tanto para o acolhimento dessa comunidade como de todos os grupos minorizados. Lideranças inclusivas estão mais preparadas para escutar e legitimar perspectivas diferentes e são combustível para patrocinar movimentos inclusivos no geral”. explica Ribeiro.
3 – Dê representatividade à comunidade
Além de exercitar a escuta, Marcelo aponta que os líderes devem incentivar a representatividade, dando aos integrantes da comunidade LGBTQIA+ um lugar de fala quando o assunto estiver sendo abordado dentro da companhia. “A liderança tem um papel fundamental não somente em escutar, mas também abrindo espaço para que essas pessoas se expressem, o que é importante para o seu desenvolvimento individual”, enfatiza.
4 – Promova o letramento
De acordo com o especialista da EXEC, grande parte das lideranças é heterossexual, o que reforça a importância de trazer o letramento sobre o universo LGBTQIA+ para dentro das equipes. “Rodas de conversas, palestras e workshops de letramento e troca educam e sensibilizam o time, evitando constrangimentos e aumentando a empatia, a felicidade e o senso de pertencimento. Resultado: mais felicidade e engajamento nos resultados da empresa”.”, ressalta.
5 – Faça curadoria de conteúdo
Com o tema LGBTQIA+ ganhando cada vez mais espaço, o volume de informações sobre o assunto não para de crescer. Um dos conselhos de Marcelo é investir na curadoria de conteúdo, ou seja, divulgar dados, pesquisas, análises sobre o tema por meio de podcasts, vídeos, artigos, entre diversas formas de comunicação. “A temática é dinâmica e evolui muito rapidamente. Por isso a importância de manter as pessoas sempre atualizadas”.
A EXEC vem colocando tais ações em prática com a criação e divulgação de pesquisas sobre D&I, a criação de uma série de podcasts que abordam diversos subtemas ligados ao universo LGBTQIA+, como acolhimento, inclusão, identidade, entre tantos outros.
Para Marcelo, a estrada do amadurecimento do universo LGBTQIA+ já começou, mas ainda tem muito chão pela frente. “Ainda temos muito a evoluir. Mas com uma agenda séria e bem arquitetada, com o envolvimento da liderança, a tendência é desse tema se tornar cada vez menos um tabu dentro das companhias”, conclui.
-Digital Trix-
Inteligência em Relações Públicas
Marcelo Ribeiro – Foto de Capa: Divulgação
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