Circuito Urbano de Arte está histórica. Enquanto o festival está para anunciar novas atrações, o público já pode curtir três obras de artes públicas que instigam e colorem o centro de Belo Horizonte.
A primeira obra finalizada foi a empena do artista mineiro Ed-Mun, que representa a caligrafia, essência do graffiti. “Ele é referência mundial em graffiti 3D e orgulho de BH! É uma honra inaugurar nosso novo espaço de imersão em arte pública com uma obra desse mestre” fala Priscila Amoni, idealizadora e curadora do festival que está acontecendo pela primeira vez na Praça Raul Soares.
No alto do Edifício Paula Ferreira (Praça Raul Soares, 265) pode ser observada toda a complexidade de uma obra que traz o 3D e o anamorfismo. As cores lembram o barro, a cerâmica e as pedras, o pigmento vermelho amarronzado, que remete a pigmentação natural, mas também dialoga com a cor do prédio onde o graffiti está. O movimento dos traços remete ao símbolo do infinito e mostra que a arte e a escrita vêm de dentro.
Já Kassia Rare Karaja Hunikuin é agora a primeira mulher sexagenária e avó assinando uma empena. Com sua firmeza e alegria, colocou a ancestralidade à frente da maior pintura já feita pelo Coletivo Mahku. “Que os espíritos da floresta e todos os orixás nos iluminem de bênçãos. E que a cura que tanto louvamos, venha! Abraços dessa sexagenária feliz pelo feito” fala. A força da floresta e do povo Huni Kuin navegou desde o rio Jordão, afluente do rio Amazonas, no Acre, para fazer um canto de cura no alto do Edifício Levy (Avenida Amazonas, 718).
O hipercentro de BH vive agora marcado pela pintura dos artistas do coletivo Mahku: Kassia Hare Karaja Hunikuin, TxanaBane e Itamar Rios. Os Txai trazem consigo a identidade de seu povo, sua luta pelo direito ao território e seus encantamentos medicinais. “O CURA se torna ritual junto a essas presenças. Chamamos as forças das mães e avós pra cidade cantando e pintando, como as matriarcas nos ensinam. Salve sua sabedoria. Estamos gratas por topar com a gente essa empreitada!” agradece Priscila Amoni.
A Raul Soares agora é casa da maior pintura Shipibo do mundo, uma pintura monumental de 2870m2 feita no chão pelos artistas peruanos Sadith Silvano e Ronin Koshi. “Pintar uma obra da dimensão que é a obra dos Shipibos em Belo Horizonte foi desafio gigantesco. A grande Anaconda é um presente para cidade” diz Priscila. A obra celebra a vida e a sabedoria ancestral das nossas irmãs e irmãos Shipibos, celebra e homenageia a mãe d’água Anaconda e guarda no hipercentro da cidade a magia dos encantados e dos vivos.
A grande guardiã das águas agora também guarda nossa praça, nosso novo espaço de imersão em arte pública e sibila para o mundo uma verdade nada silenciosa: “a gente sempre esteve aqui”. Essa reflexão sobre território, povos originários e diversidade é o sul que guia o CURA nesta edição.
Um CURA expandido
Ainda este ano, o CURA recebe Mag Magrela, artista selecionada pela convocatória nacional, que irá ocupar a empena do Edifício Savoy (Av. Bias Fortes, 1577),recebe o trabalho do Grupo Giramundo, com meio século de atuação e um dos teatros de bonecos mais antigos do Brasil e também lança seu catálogo.
O CURA21, que teve início junto com a primavera e segue em movimento, como fluxo de possibilidades, é também sobre renasce), sobre cura, sobre outras formas de pensar e fazer arte, sobre ouvir histórias que não são contadas e entender o que nos dizem esses povos de histórias negadas, mas que sempre estiveram aqui.
As novas obras:
– Empena
Artista Ed-Mun (MG)
Edifício Paula Ferreira – Praça Raul Soares, 265
– Empena
Artistas Kassia Rare Karaja Hunikuin com Coletivo Mahku – Movimento dos artistas Huni Kuin (AC)
Edifício Levy – Av. Amazonas, 718
– Pintura-ritual – Chão da Av. Amazonas, ao redor da Praça Raul Soares
Sadith Silvano e Ronin Koshi, artistas Shipibo ( Peru)
Sobre o CURA21 – 6ª edição
Todo ano o CURA se permite escutar, aprender, propor, se transformar. Em 2021, ele se apresenta expandido — na sua duração, nos modos de conviver na cidade, de experimentar encontros na rua. Um Cura contínuo, sem ponto final.
Uma decisão que se reflete já na escolha por uma curadoria que se aprofunda em um Brasil que não é somente urbano e sudestino. Naine Terena de Jesus, pesquisadora, mestre em arte e mulher indígena do povo Terena, e Flaviana Lasan, artista visual e educadora, com pesquisa sobre a presença da mulher na história da arte, somam seus olhares e vivências com as das idealizadoras Janaína Macruz, Juliana Flores e Priscila Amoni para conceber um festival-ritual, que abre os ouvidos e desperta os sentidos para os saberes, as tecnologias e os modos de fazer artístico dos povos tradicionais.
Sobre o Cura
O Circuito Urbano de Arte realizou sua quinta edição em 2020, completando 18 obras de arte em fachadas e empenas, sendo 14 na região do hipercentro da capital mineira e quatro na região da Lagoinha, formando, assim, a maior coleção de arte mural em grande escala já feita por um único festival brasileiro.
Idealizado por Janaina Macruz, Juliana Flores e Prisicila Amoni, o CURA também presenteou BH com o primeiro e, até então único, Mirante de Arte Urbana do mundo. Todas as pinturas podem ser contempladas da Rua Sapucaí.
Serviço
CURA – Circuito Urbano de Arte, 6ª edição
Local: Praça Raul Soares
https://www.instagram.com/cura.art
PATROCÍNIO MASTER:
Becks ( Lei Estadual de Incentivo à Cultura)
PATROCÍNIO:
Cemig – Governo de Minas
Localiza
Lei Municipal de Incentivo à Cultura
APOIO:
Planalto Tintas
Coral
APOIO INSTITUCIONAL
Belotur e Prefeitura de Belo Horizonte
REALIZAÇÃO:
Publica Agência de Arte
-Renata Alves Comunicação-
Ed-Mun com sua equipe em frente a obra – Foto de Capa: Area de Serviço
@ Portal AL 2.0.2.1