Ele é rapper, escritor, produtor, ativista sóciocultural e acaba de lançar o quinto livro em nome da Comunidade HIP-HOP. Senhoras e senhores, eu vos apresento “Chuck D”, o líder do Public Enemy e autor do livro “Chuck D Presents: This Day in Rap and HIP-HOP History”…
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Tudo começou em 1999, quando Chuck D fundou a “Rapstation.com”, uma rede de estações de rádio na internet. Um de seus seus blocos informativos era “This Day in Rap and Hip-Hop History”, compilado por “Duke Eatmon” e “Ron Maskell”, e este acabou se tornando um livro publicado em setembro do ano passado:
“Há muitos mitos urbanos sobre HIP-HOP e RAP. Eu sou sobre os fatos, não o ‘hype’ [referindo-se ao marketerismo exagerado que fazem atualmente sobre este tema]. Na verdade, eu escrevi uma música sobre isso…, É estranho, mas nesta era da informação, esse assim chamado Gênero Mundial do HIP-HOP precisa de uma base de fatos”, explica “Chuck D” em entrevista ao jornal The Guardian. “As pessoas vão para seus celulares, vão para a Wikipédia ou para a mídia social. Mas elas recebem muita opinião, ao contrário dos fatos. Todo mundo tem uma opinião, mas isso leva à desinformação”, considera. “Este livro foi necessário para este gênero particular de música. E você não faz as coisas acontecerem apenas desejando. Você faz as coisas acontecerem fazendo-as”, afirma Chuck D.
Em seu livro, Chuck D não deixa de tercer uma reflexão importante sobre o emblemático “Dia 11 de Agosto de 1973”, a data em que muitos creditam como o “Nascimento do HIP-HOP” na lendária festa oferecida por “Kool Herc”, na 1520 Sedgwick Ave:
“Esse é o começo do HIP-HOP como conhecemos, com ‘Kool Herc’. Ele organizou uma festa em seu prédio no Bronx para sua irmãzinha e esse é o epicentro dessa forma de Arte. Não é o epicentro da música negra, não é o epicentro dos discos de música, mas é o epicentro do HIP-HOP como forma de Arte. Seu experimentalismo de toca-discos. Como ele fez algo do nada”, analisa.
Chuck D também aproveita para relatar o quanto suas experiências na infância contribuíram para que ele optasse pelo HIP-HOP enquanto ativismo:
“Eu tive uma ótima infância. Eu era o mais velho dos meus irmãos, então eu tinha que estar encarregado das coisas, e talvez seja aí que o velho estadista começou”, considera o rapper. “Eu era esportivo quando criança, então, depois de completar 20 anos, eu era mais música. Descobri que não era tão bom em esportes: à medida que você envelhece, os padrões e níveis de realização aumentam. Mas eu respeitava muito bem os narradores esportivos, eles davam todos os fatos e os dados e, como adoro fatos, queria fazer isso”, explica. “Então, quando a música RAP surgiu em 1979, eu sabia que poderia fazer isso. Eu sabia que tinha uma voz poderosa, sabia que tinha um estilo que poderia funcionar”, revela Chuck D sobre seu amor à primeira vista ao RAP.
Ainda em seu livro, Chuck D aproveita para refletir sobre o “Dia 12 de Novembro de 1996”, que, independente à data de aniversário do HIP-HOP oficializada pela “Universal Zulu Nation” [creditada como a Escola-Berço do HIP-HOP], marcou naquela época uma revolução na indústria fonográfica, com o lançamento “Hard Core”, álbum de estréia da rapper “Lil’ Kim”, que alcançou a posição #11 na Billboard 200 – creditado como “a maior estréia para um álbum Feminino de Rap na história do HIP-HOP – e também alcançou a posição #3 no Billboard’s Top R&B Albums, vendendo 78.000 cópias em sua primeira semana de lançamento. Todavia, a “ousadia artística” de Lil’ Kim, gerou uma reunião de acionistas da Warner Bros Records, com a ativista “C. Delores Tucker” sobre a qual teceu severas criticas à coragem da gravadora “Big Beat Records” [distribuída pela Warner] “para produzir essa imundície” [com suas próprias palavras da Senhora Tucker], referindo-se à percepção de conteúdo gráfico sexual nas letras de Kim. Mesmo com toda a campanha adversária, Hard Core foi certificado o com duplo de platina pela RIAA [“Recording Industry Association of America” (em bom português “Associação da Indústria de Gravação da América”) – organização regulamentadora sediada em Washington, que representa as gravadoras nos Estados Unidos] em 14 de Março de 2001, depois de ter sido certificado ouro em 06 de janeiro de 1997 e platina em 3 de Junho de 1997. Sobre este episódio, Chuck D traz uma visão mais ampla a respeito do comportamento da sociedade norte-americana daquela época:
“Naquela época, os chefes dessas gravadoras odiavam as mulheres. E o mesmo acontecia com os ‘rappers gays'”, relembra. “Apesar de muitos desses executivos fossem gays, eles mantiveram as coisas escondidas por causa do marketing”, revela Chuck D, em entrevista ao The Guardian. “Meu argumento era, e é, sempre o mesmo: HIP-HOP é sobre ser quem você é, sem tentar ser outra pessoa, então se você tentar silenciar essas vozes autônomas, isso não é HIP-HOP”, afirma o rapper. “Para alguns executivos dizerem a um artista autêntico: ‘Oh, não queremos divulgar sua arte …’; é contraditório com o Espírito do HIP-HOP… É uma tragédia! Como você pode se envolver em uma arte liberal, que é o que a música é, se você tem uma visão conservadora?”, questiona Chuck D.
E sobre o atual presidente dos EUA, “Donald. Trump”, Chuck D não deixa de ser revoltosamente enfático:
“Minha vida mudou porque eu não tenho meu pai para falar sobre sua bunda [referindo-se ao lado obscuro Trump, que era da mesma geração do falecido pai do rapper]. Meu pai não acreditaria que tenhamos deixado isso acontecer. Quer dizer, esse cara era o New York Post de terceira página [referindo-se a uma página obsoleta do jornal New York Post], ele possuía um time de futebol fracassado [o New Jersey Generals] em uma liga desonesta. Eu conheço esse cara, eu sei de onde ele veio, em todos os níveis. Somos do mesmo bairro de Nova York, Queens, com apenas 12 anos de diferença”, desabafa Chuck D, extremamente indignado.
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Carlton Douglas Ridenhour, conhecido mundialmente pelo nome artístico “Chuck D”, nasceu no bairro do Queens, em Nova York, em 1960. Como líder do grupo de RAP “Public Enemy”, Chuck D ajudou a trazer o HIP-HOP politicamente consciente para o mainstream. Os álbuns do Public Enemy, incluindo “It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back” (1988) e “Fear of a Black Planet” (1990), destacam-se como alguns dos mais importantes álbuns de HIP-HOP de todos os tempos. Ao longo de sua carreira, Chuck D colaborou com muitos artistas e agora é membro do “Prophets of Rage”, grupo que conta com “B-Real”, líder do grupo de RAP hispânico Cypress Hill e ex-membros da banda de rock “Rage Against the Machine”. E como escritou, lançou as obras “Public Enemy: An Interview with Chuck D” (1994), “Fight the Power” (1997), “Upstate Uncovered:100 Unique, Unusual, and Overlooked Destinations in Upstate New York (Excelsior Editions)” (2009) e “The Love Ethic: The Reason Why You Can’t Find and Keep Beautiful Black Love” (2009).
Paz e Respeito!!
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Por: DJ “Zulu” TR.
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