A escola de samba Vizinha Faladeira revelou a sinopse do seu enredo para o Carnaval 2025, intitulado “Carnaval Pra Gringo Ver”. Desenvolvido pelo renomado carnavalesco Marcus Ferreira, o tema promete encantar o público com uma perspectiva única e inovadora sobre o Carnaval.
Conhecida como a Pioneira do Samba, a Vizinha Faladeira, que tem suas raízes no morro da Providência, se prepara para ser a sétima escola a desfilar no segundo dia da Série Prata da Superliga Carnavalesca. A expectativa é alta, e a comunidade está ansiosa para ver a criatividade e o talento de Ferreira traduzidos em um espetáculo inesquecível.
Confira a Sinopse abaixo:
[Sinopse]
Hassan II – Rei de Marrocos se tornou durante décadas um símbolo poderoso em atribuir poderes especiais ao seu reinado – a partir de 1986, João Jorge Trinta cerimoniava uma comitiva brasileira de sambistas para as festas do tal Rei.
“Onde o raciocínio humano permitir chegar estarão presentes os números 1, 3 ou 7.”
(Joãozinho Trinta)
Nos tempos de um Maranhão menino, o futuro rei do paetê dedicava-se, na Biblioteca Pública Benedito Leite, à leitura dos principais literatos mundiais. Dentre eles, “Os Versos de Ouro”, de Pitágoras, lhe concederam a seguinte teoria: imagine uma caravana formada com um indígena do Norte, três pretas-baianas (as nossas Nhá-Vitas das favelas), sete passistas e onze (1+3+7) ritmistas, saídos dos mais variados subúrbios reinos de plebeus cariocas às terras de Maomé?
Havia a Corte toda à frente do trono do poderoso monarca. Palco dividido entre súditos, mascates, contadores, rainhas carregadas de joias e princesas com véus lindíssimos – visão deslumbrante! Azulejarias que testemunham histórias das mil e uma noites carnavalescas. Cenário que se confunde em lembranças das louçarias dos casarios coloniais de um eterno São Luís do Maranhão.
Viemos de um país cuja geografia tem o formato de um grande coração que começou a bater quando lá se encontrou as nossas três raças: a raça vermelha – os verdadeiros donos da terra; a raça branca, invasora; e, finalmente, o fortíssimo sangue dos nossos antepassados, os pretos. Mistura que criou a civilização brasileira envolvida em uma energia muito poderosa, a mesma energia que devolvemos, neste solo, aos nossos irmãos de alma africanos. Mas, como entender, o que é esse coração?
Tablado a desvendar que somos vindos de uma terra tropical acetinada em ouro e prata, habitada por uma gente bronzeada sob os matizes de verdes palmeirais. Guerreiros emplumados evocam nas maracas toda nossa ancestralidade nativa. Quilombolas, com suas palhas-da-costa, gingam a força tribal de escudos gráficos. Moleques passeiam a morenice mestiça dos ganhos de balangandãs, ornados por flores e pássaros. Baianas vestem figurinos tradicionais, evocando o axé dos orixás na lavagem das escadarias de nosso Senhor do Bonfim.
Morro que dá vez à alteza dos verdadeiros reis e rainhas dos subúrbios. Nobres engalanados nas filigranas de castiçais metálicos. Cabrochas ritmam passos sincronizados com um grupo fiel de sorridentes pandeiristas. Ritmistas ensaiam malabares das latas encouradas em peles de gato. Pastorinhas não descem do salto, caminham com altivez pelos labirintos dos salões. Reis de plumas e paetês cortejam, com garbo, a luxúria e o glamour em destaque para brilharem no Maior Espetáculo da Terra.
Somos os verdadeiros donos de um Brasil pandeiro. Trago, bordado, trajes que embalam os sonhos dos brincantes nos autos populares. Um colorido de retalhos armado para o palhaço de uma outra Folia dos Reis. Cortejar de fitas para a paz de um Divino Imperador. Realejo de zabumbas ao cetro matriarcal do Maracatu. Lanças em punho nas cavalhadas de mouros e cristãos. Frevo que se une à cultura popular de uma folia inesquecível. Bumba o boi, que dramatiza e encerra mais um festejo divinal.
Coincidência ou não? A tal fórmula de Pitágoras configurou a criação do elenco para quase “trinta” carnavais, inspirados em toda essa brasilidade, apresentada nos grandes espetáculos promovidos no passado das casas de show Plataforma, Scala, Oba-Oba e Roda-Viva.
Esse conto é um achado perdido nas antigas notas de jornais das décadas de 80 e 90. Surge como registro da memória dos grandes sambistas que levam a cultura das escolas de samba para além de nossas fronteiras.
João revelaria ser amigo do Rei. Prova disso é que em uma de suas últimas viagens ao Marrocos, teria ganhado um frete lotado de especiarias, tapetes mágicos e joias marroquinas. Desfez de tudo assim que desembarcou, seu luxo era outro. Nossa antiga sede, localizada na Praça Marechal Hermes, serviu como ateliê para a elaboração de fantasias e adereços confeccionados por Viriato Ferreira para a realização desse nababesco carnaval.
Um Carnaval pra Gringo ver.
Histórias que nem as areias do deserto puderam apagar…
[Texto, Roteiro e Desenvolvimento] Marcus Ferreira.
[Revisão Textual] Henrique Pessoa.
-Adriano Cornélio-
Assessoria de Imprensa Ares Vizinha Faladeira
Foto de Capa: Divulgação
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