Consagrado cineasta e escritor refletiu sobre sétima arte e literatura no programa Trilha de Letras
Em tributo ao premiado cineasta Cacá Diegues, que faleceu na última sexta (14), aos 84 anos, no Rio de Janeiro, a TV Brasil exibe nesta quarta (19), às 23h, uma entrevista exclusiva que o diretor de sucessos das telonas concedeu ao apresentador Raphael Montes, no programa Trilha de Letras, em 2018, sobre cinema e literatura. O conteúdo está disponível no app TV Brasil Play e no YouTube da emissora.
O processo criativo e a adaptação das obras de um formato para o outro foram assuntos abordados pelo homenageado. “O roteiro de um filme pode ser encaixado como um estilo de literatura”, afirmou Carlos José Fontes Diegues, expoente do Cinema Novo e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL).
Na conversa gravada no estúdio da emissora pública, Cacá Diegues comentou o livro que lançara na época, a coletânea de artigos “Todo domingo” (2017). Ainda falou sobre seu último longa-metragem, “O Grande Circo Místico” (2018), obra inspirada no poema homônimo de Jorge Lima, e que demorou 11 anos para ser concluída. “O filme se passa durante um século”, recordou.
Cacá Diegues revelou como iniciava uma produção audiovisual. “Às vezes começo pelo texto, às vezes por uma imagem ou por um personagem. Tem filmes que eu levo anos para fazer. Outros entre imaginar o filme e ele estar pronto se passa menos de um ano. Depende muito do tipo de filme que você está fazendo”, explicou no programa dirigido pela jornalista Emília Ferraz.
Cinema como forma de fomentar a reflexão
No papo, o cineasta também analisou a sétima arte do país nos anos 1960 e atualmente. “Na minha geração, nós inventamos uma imagem do Brasil para o cinema. Não tínhamos uma tradição a qual recorrer”, ponderou Diegues que foi enfático ao falar do contexto contemporâneo. “Pode parecer exagero, mas tenho 56 anos de atividade cinematográfica e acho que esse é o momento mais rico do cinema brasileiro. Estamos fazendo não só 160 filmes por ano como produções de uma diversidade incrível. Hoje é completo”, disse.
Cacá Diegues mencionou os desafios de levar o enredo de um livro para as telonas. O único título que o cineasta adaptou para o cinema foi “Tieta do Agreste” (1996), de Jorge Amado. “Foi um pedido dele. Eu não podia recusar. Era um romance de 700 páginas e tive que transformar em um roteiro de 100 páginas. Pedi socorro ao João Ubaldo Ribeiro. Era o único que poderia fazer isso na obra de Jorge Amado. É muito difícil”, relembrou.
O célebre diretor de clássicos como “Bye Bye Brasil” (1979), “Orfeu” (1999), “Deus é brasileiro” (2003) e “O Maior Amor do Mundo” (2006) trouxe sua perspectiva sobre o papel das produções da sétima arte na sociedade. “O filme não muda nada. Não é uma arma para mudar o mundo. O filme é uma maneira de você pensar o mundo de outro modo, provocar um pensamento mais original”, refletiu.
Cacá Diegues também abordou as novas tecnologias com o boom das séries para televisão e para as plataformas de streaming. “Acho que tudo que é novo é bom. Essas séries de televisão são filhas do cinema. Tudo isso é importante. O cinema é uma longa família do audiovisual que foi se desenvolvendo. Passou para a televisão, o videocassete, o DVD, o streaming”, enumerou o cineasta.
Durante o bate-papo na atração literária da emissora pública, ainda afirmou não ser otimista por não acreditar que as coisas dariam certo de qualquer maneira. “Eu sou esperançoso. Tenho sempre a esperança de que as coisas deem certo e [a convicção de que] para isso [a gente tem] que correr atrás; fazer para que deem certo”, ensinou Cacá Diegues.
Carreira e filmografia
Crítico refinado e cineasta reconhecido, Cacá Diegues conseguiu fazer o público enxergar com mais clareza a realidade brasileira através de suas lentes. Considerado um dos fundadores do Cinema Novo, o diretor é premiado no país e também tem reconhecimentos no exterior.
Com dezenas de longas em sua vasta filmografia, Cacá é diretor de produções como “Ganga Zumba” (1964), “Quando o Carnaval Chegar” (1972), “Xica da Silva” (1976) e “Dias Melhores Virão”. Ele deixou inacabado o longa-metragem “Deus ainda é brasileiro” que ainda estava finalizando.
Em agosto de 2018, o cineasta foi eleito o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras, na cadeira de nº 7, que já foi ocupada pelo escritor Euclides da Cunha e por um dos fundadores da casa, o jornalista Valentim Magalhães. A vaga estava aberta desde a morte do também diretor de cinema Nelson Pereira dos Santos, em abril de 2018. A posse foi em abril do ano seguinte.
Cacá Diegues publicou vários livros em sua trajetória, nem sempre relacionados ao cinema, a partir de “Ideias e Imagens” (1988). As obras mais recentes do autor são “Vida de Cinema” (2014), com mais de 600 páginas sobre o Cinema Novo, e “Todo Domingo” (2017), uma coletânea de seus textos publicados semanalmente em jornais.
Sobre o programa
O Trilha de Letras busca debater os temas mais atuais discutidos pela sociedade por meio da literatura. A cada edição, o programa recebe um convidado diferente. A atração foi idealizada em 2016 pela jornalista Emília Ferraz, diretora da produção que entrou no ar em abril de 2017.
A TV Brasil já realizou quatro temporadas do Trilha de Letras e recebeu mais de 200 autores nacionais e estrangeiros. As duas primeiras temporadas foram apresentadas pelo escritor Raphael Montes. A terceira, por Katy Navarro, jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Na temporada mais recente, a jornalista, escritora e roteirista Eliana Alves Cruz assumiu a apresentação do programa que também teve uma versão na Rádio MEC. O bate-papo literário saiu do estúdio da emissora e foi gravado na BiblioMaison, biblioteca do Consulado da França no Rio de Janeiro.
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Serviço
Trilha de Letras – Cacá Diegues – quarta-feira, dia 19/2, às 23h, na TV Brasil
Trilha de Letras – Cacá Diegues – app TV Brasil Play
Trilha de Letras – Cacá Diegues – YouTube da TV Brasil
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-Divulgação EBC-
Cacá Diegues e Raphael Montes – Foto de Capa: Kamyla Abreu / TV Brasil
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