A escola realizou a gravação de uma série de entrevistas para promover o enredo de 2024 e estreitou laços
Dentro dos seus 76 anos, o Império Serrano vai fazer um desfile focado na religiosidade afro-brasileira pela primeira vez em 2024. Apesar de pincelar a temática em diversas ocasiões, a escola da Serrinha nunca havia se aprofundado no culto aos orixás. Na última semana, representantes do Departamento de Comunicação do Reizinho de Madureira estiveram em Salvador, berço da criação do candomblé, e visitaram dois dos mais antigos terreiros do Brasil: o Ilê Axé Iyá Nassô Oká e o Ilê Axé Oxumarê, além da Fundação Pierre Verger.
O motivo da ida à Bahia foi aproximar a agremiação dessas instituições tão importantes. Neste ano, o Reizinho vai apresentar na Sapucaí o enredo “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: a gira dos ancestrais”, do carnavalesco Alex de Souza. A proposta da escola é exaltar os orixás como grandes reis e rainhas dos territórios que formavam o antigo Império de Oyó, na África, seguindo a ordem de apresentação do xirê, ritual do candomblé que reúne essas divindades. A visita também gerou a gravação de conteúdos documentais para as redes sociais da escola.
Comandado por Mãe Neuza de Xangô, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, popularmente conhecido como Casa Branca do Engenho Velho, é o mais antigo terreiro de candomblé do país. Ele é o marco da fundação da religião no país, por volta de 1830, com o Candomblé de Barroquinha, criado pelas princesas africanas Iyá Detá, Iyá Akalá e Iyá Nassô, oriundas de Oyó. A casa de Xangô foi o primeiro Ilê Axé tombado pelo Iphan como Patrimônio Histórico do Brasil, em 1984.
Próximo de completar 200 anos, o Ilê Axé Oxumarê também tem um lugar especial na construção do enredo do Império Serrano para 2024. O livro “Casa de Oxumarê: os cânticos que encantaram Pierre Verger”, de 2010, foi um dos instrumentos de estudo do carnavalesco Alex de Souza na elaboração do enredo do Reizinho. A obra retrata o processo do fotógrafo francês Pierre Verger na gravação de cânticos do xirê do local, no final da década de 1950. À frente do Ilê, Babá Pecê fez questão de deixar uma mensagem especial à família imperiana:
– Em nome da Casa de Oxumarê, peço que todos os orixás e os nossos ancestrais possam abençoar e fortalecer o Império Serrano em mais um ano de luta. O carnaval também é uma forma de resistência do nosso povo. Que o Império Serrano, que tem essa ligação com o afrodescendente, possa fazer um carnaval belíssimo e que os orixás estejam com todos neste momento de energia, abrindo os caminhos com amor, paz e fraternidade – disse Babá Pecê.
Já a visita na Fundação Pierre Verger foi pautada nas pesquisas conduzidas pelo fotógrafo francês sobre o culto aos orixás em território africano. Os representantes do Império Serrano foram recebidos pela diretora Angela Lühning e por Vó Cici de Oxalá, assistente de pesquisa e egbomi do Ilê Axé Opô Aganjú. O primeiro vídeo da série de entrevistas é justamente com ela e já está disponível no canal do Império Serrano no YouTube através do link https://www.youtube.com/@imperioserranoficial. O projeto tem direção e produção de Emerson Pereira.
No Carnaval 2024, o Império Serrano irá fechar os desfiles da Série Ouro. O Reizinho de Madureira será a oitava agremiação a desfilar no sábado, 10 de dezembro, na Marquês de Sapucaí, em busca do título e o retorno ao Grupo Especial.
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-Emerson Pereira-
Assessoria Gres Império Serrano
Babá Pece e ekedji Rosy, Casa de Oxumarê – Foto de Capa: Divulgação
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