Em tempo de empoderamento, o espetáculo infantil “A menina do kung fu”, que fala de uma garota cega decidida a aprender a arte marcial chinesa, cai como uma luva para incentivar a garotada – com qualquer tipo de limitação ou deficiência – a correr atrás de seus sonhos. Não à toa, a peça fez muito sucesso em sua primeira temporada e segue para a segunda entre 10 de agosto a 1° de setembro, no Teatro Gláucio Gill, espaço da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa/FUNARJ, localizado na Praça Cardeal Arcoverde, em Copacabana. As sessões são às 16h, nos sábados e domingos, sendo que as do primeiro e do último dia da temporada contarão com acessibilidade na comunicação (audiodescrição e intérpretes de libras).
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A história de Belinha, de 9 anos, emocionou as crianças que assistiram à primeira temporada da peça “A menina do kung fu” em julho, no Teatro Ipanema. Na estreia, por uma bela coincidência, havia na plateia uma menina também chamada Belinha e cega, com a mesma idade da personagem principal, que, ao final da sessão, estava radiante com a experiência de ter “assistido” ao espetáculo graças à audiodescrição. Ela confessou uma identificação total com a personagem, falando de todos os percalços que passa na vida real, a exemplo dos encenados na peça. Sinal da importância do texto de Diego Molina para a inclusão de crianças com necessidades especiais e o fim dos preconceitos contra as diferenças.
Com temas como bullying, empoderamento feminino e inclusão, o texto de Molina foi supervisionado por Bosco Brasil, e a montagem teve direção dividida entre Carolina Godinho e o próprio Molina. No elenco, estão Monique Vaillé, Fábio Nunes, Janaína Brasil, Victor Albuquerque e Jorge Neves.
“O espetáculo é, acima de tudo, um exemplo de superação e de incentivo à inclusão”, observa o crítico teatral Gilberto Bartholo, para quem a produção é merecedora de elogios. “Vão logo conferir este espetáculo, que é para crianças de todas as idades, inclusive as que habitam em vocês – pais, tios, avós, padrinhos…”, empolga-se o crítico do blog O teatro me representa.
A peça
A montagem – para crianças a partir dos cinco anos de idade, porém mais voltada ao público de 11/12 anos – conta a história de Belinha, menina de 9 anos, cega, que se matricula numa academia de kung fu. Logo no primeiro dia de aula, ela tem de encarar a desconfiança da turma e da professora, além das peripécias de Pedroca e seus amigos, que adoram fazer bullying. Dá para imaginar quantos desafios a personagem encara, não dá?
Desafios no palco, desafios na vida
Também foi um grande desafio escrever e montar a peça sem patrocínio, só contando com instituições e pessoas que acreditaram no projeto e aceitaram participar dele sem nenhum tipo de remuneração ou contribuíram, via crowdfunding, para os serviços de acessibilidade como audiodescrição e intérprete de libras. Afinal, não basta falar de inclusão. É preciso incluir. Assim, crianças com deficiência auditiva e visual podem fruir o espetáculo.
Como surgiu a ideia
Diego Molina escreveu o texto em 2010, quando ainda fazia parte do grupo da ONG Escola de Gente e pegou a capacitação para realizar o desejo de escrever uma peça infanto-juvenil que unia Inclusão e acessibilidade. Criou o texto justamente para tratar do assunto deficiência diretamente com a criança e seus pais. Porque, “apesar de pessoas com deficiência sempre terem existido (e sempre existirão), a inclusão é uma palavra extremamente contemporânea, ainda bastante complicada para a maioria das pessoas”, observa Molina. E por que falar dessas questões agora? “Porque simplesmente queremos dizer as coisas propostas pelo texto”, explica o autor.
“A menina do kung fu” fala mesmo é de gente – de todos os tipos, problemas, deficiências e limitações. “As relações humanas sempre serão uma pauta atual, e é disso que a peça fala: de construirmos um mundo onde as pessoas se relacionem melhor. E, quando falo em ‘pessoas’, falo de todos os tipos”, concluir Molina.
É isso! A beleza do ser humano é sermos todos diferentes. E, ao mesmo tempo, somos todos iguais. Afinal de contas, somos todos gente!
“… Gente é muito bom, gente deve ser o bom… Tem de se cuidar, de se respeitar o bom…” (Caetano Veloso em “Gente”)
Sobre Diego Molina:
Dramaturgo, roteirista, diretor, ator, cenógrafo e professor. Mestre em Teatro pela UNIRIO.
Trabalhos como autor em teatro: “A menina do kung fu” (infantil); “Pequenos poderes”, “Os trabalhadores do mar” (adaptação), “O espião que nós amamos” (inédito, com Bosco Brasil), “Woody Allen não se encontra” (inédito), “Ninguém mais vai ser bonzinho”, “Fabulamente” (monólogo), além de diversos esquetes, escritos também para o coletivo Clube da Cena e para o site Drama Diário.
É autor dos livros “Cena Impressa 1 e 2” e “Teatro Duse: o primeiro teatro-laboratório do Brasil”. Ganhou o Prêmio Shell 2012 na Categoria Especial, com a Cia. Alfândega 88, pela ocupação do Teatro Serrador. Foi indicado ao Prêmio Faz Diferença 2010 com grupo Os inclusos e os sisos pelo trabalho em prol da inclusão.
Dirigiu espetáculos como: “Ela é meu marido”, “Quando ia me esquecendo de você”, “Radiofonias Brasileiras”, “War”, “Bette Davis e a máquina de Coca-Cola”, “Joaquim e as estrelas” e “Fabulamente – Monólogo com Tatá Werneck.
Deu aulas de dramaturgia na CAL, SBAT, PUC Rio, Midrash Cultural, Biblioteca Parque e em diversas unidades do SESC pelo país.
Escreve para o programa “Zorra”, indicado ao Emmy Internacional, e “A gente riu assim – Retrô de humor”, ambos da Rede Globo. Foi colaborador dos programas “Noite de arrepiar” e “Casamento blindado” (Record), “Domingão do Faustão” (Globo), “Comédia MTV”, “Sem análise” (Multishow) e do seriado “Dependentes” (com Bosco Brasil). Escreveu ainda o curta-metragem “Vice e versa”, vencedor do prêmio de melhor comédia no Festival Claro Curtas 2008, e o longa-metragem “Floresta profunda” (com Bosco Brasil e Fidelys Fraga).
Foi jurado do Prêmio Zilka Sallaberry de teatro para infância e juventude entre 2015 e 2018.
Ficha técnica:
Texto: Diego Molina
Supervisão de texto: Bosco Brasil
Direção: Carolina Godinho e Diego Molina
Elenco: Fábio Nunes, Janaína Brasil, Jorge Neves, Monique Vaillé e Victor Albuquerque
Figurinos: Patrícia Muniz
Cenografia: Diego Molina e Patrícia Muniz
Iluminação: Anderson Ratto
Trilha sonora: Pedro Nêgo
Visagismo: Diego Nardes
Programação visual: Marcelo Martinez – Laboratório Secreto
Instrutor de Kung Fu: Renan Nascimento
Fotografias: Bruno Coqueiro
Assessoria de imprensa: Sheila Gomes
Direção de produção: Janaína Brasil
Produção: Carolina Godinho, Diego Molina, Janaína Brasil e Monique Vaillé
Coprodução: 2BB2 Produções Artísticas
Serviço:
A menina do kung fu
Local: Teatro Gláucio Gill – um espaço da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa/FUNARJ
Endereço: Praça Cardeal Arcoverde s/n°, Copacabana, ao lado da estação do metrô
Temporada: de 10 de agosto a 1° de setembro
Sábados e domingos, às 16h
Ingressos: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia) – entrada gratuita para pessoas com deficiência
Classificação indicativa: livre
Haverá sessões com acessibilidade na comunicação (audiodescrição e intérpretes de libras) nos dias 10 de agosto (sábado) e 1° de setembro (domingo).
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