O legado de Mercedes Baptista, que apresentou as técnicas do balé do Theatro Municipal do Rio ao Carnaval Carioca, segue pulsante até os dias de hoje. Mais de 60 anos depois que a primeira bailarina negra do Municipal levou as coreografias artísticas para a Comissão de Frente do Salgueiro, no desfile de 1963, artistas do equipamento estão em pelo menos sete das 12 escolas do Grupo Especial, se apresentando em comissões de frente, direção artística de Mestre Sala e Porta Bandeira ou na ala dos passistas.
O sucesso da junção do erudito ao popular na Sapucaí é traduzido na ansiedade pelas coreografias no dia do desfile, levando a loucura os torcedores na arquibancada. Os aplausos se repetem com entusiasmo, de estilos diferentes, no samba e no balé. Essa paixão é de Edifranc Alves, 1° solista do balé do Municipal, que completa 20 anos de Carnaval em 2025. O baiano de Alagoinhas é responsável pela Comissão de Frente da Paraíso do Tuituti ao lado de Claudia Mota, primeira bailarina do Theatro.
“Trabalhar no Theatro e no Carnaval são situações diferentes e muito apaixonantes. Um é erudito, tem o público que prestigia na plateia. O outro é popular, com arquibancada lotada e transmissão para o mundo todo. No Theatro nos apresentamos, mas não tem uma disputa, um concurso com notas. Para um artista, essas duas sensações são muito boas”, conta Edifranc, que já trabalhou em várias agremiações desde 2005, como Tradição, Salgueiro, Unidos da Tijuca e Grande Rio.
As sensações são compartilhadas pelos profissionais do balé no Carnaval desde a década de 1960, quando o Salgueiro foi campeão com o enredo “Chica da Silva’ e Mercedes Baptista levou o minueto ao grupo de bailarinos da Comissão de Frente. Há 20 anos como integrante da Mangueira, o bailarino do Municipal Anderson Dionísio segue a tradição de levar as coreografias para as agremiações. Nascido em Madureira, criado na Intendente Magalhães, também é atualmente professor na Escola de Mestre Sala e Porta Bandeira, e Porta Estandarte Mestre Manoel Dionísio.
“Agradeço a todas as forças que transitam entre o samba por essa oportunidade de participar desses dois espetáculos tão belos. Entre o samba e o balé: realidades e possibilidades. Essa é a definição que tornou meu projeto de universidade e vida”, disse Anderson.
Na “ficha técnica” dos profissionais do Theatro no Carnaval que participam dos desfiles do Grupo Especial estão ainda na comissão de frente Hélio Bejani (Grande Rio); Priscilla Mota e Rodrigo Negri (Viradouro); Jorge Teixeira e Saulo Finelon (Beija Flor); Karina Dias (Mangueira); Marcelo Misailidis (Mocidade); e Ana Botafogo assina a direção artística do Mestre Sala e Porta Bandeira da Imperatriz;
“São grandes artistas que levam o profissionalismo para a festa mais popular do país. Essa parceria é antiga, com mais de 60 anos, que foi iniciada por Mercedes Baptista, no período antes da Sapucaí ainda. Uma união campeã e que leva muita arte para todos. Esses grandes artistas enriquecem o Carnaval, como também a programação do Municipal que conta com o patrocínio oficial da Petrobras e que leva espetáculos para a população”, disse Clara Paulino, presidente do Theatro Municipal do Rio.
Facebook | Instagram | Youtube | Linkedin | Spotify
-Ascom Cultura-
Edifranc Alves – Foto de Capa: Divulgação